Sistema eletrônico brasileiro monitora paradas de ônibus com mulheres sozinhas

As mulheres são a maioria da população brasileira: 51,8%, segundo o IBGE. E muitas vezes, suas jornadas de trabalho são extensas, obrigando muitas delas permanecerem à noite em paradas de ônibus esperando o transporte chegar. Muitas cidades do Brasil ainda não possuem estrutura adequada para garantir a segurança daquelas que ficam sozinhas, às vezes por muito tempo.  Conforme a pesquisa Meu Ponto Seguro, da ONG ThinkOlga, 77,8% das mulheres brasileiras se sentem inseguras nos pontos de ônibus. 


Imagem criada com Inteligência Artificial


Aí que entra um projeto criativo e tecnológico ao mesmo tempo: a empresa de publicidade externa Eletromídia, junto com sua agência de publicidade AlmapBBDO criou o ‘Guarded Bus Stop’, no qual as duas empresas analisaram os pontos de ônibus de uma das cidades mais populosas do país, com o objetivo de mapear os locais onde as mulheres se sentem mais vulneráveis por estarem desacompanhadas.

O sistema faz com que os painéis de propaganda se transformem em imensos telefones com câmera e microfone, conectados na internet, que pode providenciar uma companhia e uma proteção para as mulheres num dos momentos que elas mais precisam. O projeto começou nas paradas mais desertas da cidade, onde um sensor detecta quando há só uma pessoa no ponto. Basta tocar a tela para iniciar uma chamada de vídeo com uma profissional contratada pela empresa, que fica conversando com o interlocutor até que seu ônibus chegue, se transformando em uma ferramenta de companhia. E de denúncia ou testemunho de algo, caso seja necessário. 

Assista o vídeo que mostra como funciona o sistema:




O vídeo acima ganhou o Leão de Ouro no festival de Publicidade de Cannes, na França, neste mês de julho, trazendo a honraria para o Brasil. O sistema recebe cerca de 150 chamadas por noite, segunda a Eletromídia.

Porto Alegre

Na capital gaúcha, um coletivo feminino Turba já desenvolveu há dois anos um projeto de intervenção urbana feito por mulheres e para mulheres. Chamado de Parada Segura, a ideia relaciona urbanismo tático com mobilidade de gênero, para poder proteger as paradas de ônibus da cidade. 

Produzido para um concurso de ideias do Banco Interamericano de Desenvolvimento, a inicitiva também analisou as áreas mais vulneráveis de Porto Alegre e identificaram situações precárias. Segundo as idealizadoras, colocar uma brincadeira para as crianças, livros, uma horta com plantas e flores ou bancos, já atrai mais movimento, e as pessoas podem usar aquilo de outra forma, deixando as mulheres mais seguras. 

A Parada Segura ganhou menção honrosa no concurso Voltar para a Rua do BID, mas ainda não saiu do papel. Para que isso aconteça, é necessário investimento e vontade política,

Da Redação #AtitudePositiva

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