De olho nos atrasos de voos, empreendedor fatura R$ 2,6 milhões com cabines de descanso em aeroportos

Durante muitos anos, os aeroportos foram quase o habitat natural do empreendedor Tuca Andrade, 65 anos. A carreira que ele construiu no turismo, incluindo no currículo a extinta companhia aérea Varig, e os perrengues vividos durante longas esperas em terminais foram o combustível para que ele tirasse do papel uma ideia de negócio. A aposta foi o Siesta Box, um conjunto de cabines para acomodação em terminais aéreos. A proposta é que o passageiro ou tripulante possa descansar no local se tiver de esperar por longos períodos antes de uma conexão, por exemplo. No ano passado, a empresa faturou R$ 2,6 milhões, com operação em três aeroportos.

Divulgação


"Sofri muito em aeroportos. A grande dificuldade que eu via, não só para passageiros como para tripulantes, era quando acontecia algum problema e era preciso que espera. Podia ser greve, problema técnico", afirma.

Nos anos 2000, Andrade tinha uma agência de turismo que atendia a região Nordeste. Depois, se dedicou a aprender e trabalhar com tecnologia. A combinação das duas coisas foi o que o motivou a empreender e tentar solucionar o problema que sentiu na pele. Ele conta que já tinha ouvido falar de cabines em aeroportos de outros países. Conheceu alguns negócios do tipo no Oriente e foi atrás de mais inspirações. Durante as viagens, no entanto, descobriu que alguns deles ainda eram protótipos.

“Voltei para o Brasil e comecei a desenhar o nosso modelo, dei entrada [do registro de marca] no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e escolhi o nome de forma que fosse mais global, mas de fácil assimilação. Em 2015 começamos um MVP em Recife (PE) com quatro cabines, depois expandimos para dez”, conta. De acordo com ele, o investimento para o primeiro ponto foi de R$ 300 mil.


Clientes precisam agendar uso do Siesta Box pelo site da empresa — Foto: Divulgação


Como funciona

O recomendado é que o cliente agende previamente o serviço, pelo site da marca. O tempo médio de ocupação de uma cabine é de 3,5 horas e o tíquete médio é de R$ 139,90, mas Andrade diz que essa realidade pode mudar de acordo com o aeroporto. Os quartos são individuais, e alguns têm beliches ou camas maiores para dividir com familiares e amigos. “O cliente não fica com estranhos”, afirma.

Desde o início o empreendedor trabalhou para que as cabines funcionassem com internet das coisas (IOT). Assim poderiam ser monitoradas e até controladas à distância, e demandariam um staff reduzido. Quando o cliente faz o check-in na unidade, ele pode entrar no espaço e tudo funciona de acordo com o comando da abertura da porta, como ar-condicionado, energia e TV. O cliente recebe as orientações por e-mail e SMS. O gestor do ponto (ou franqueado) consegue acompanhar tudo por meio de um aplicativo para dispositivos móveis.

Em cada aeroporto há empresas contratadas para dar suporte em eventuais problemas técnicos ou mecânicos. Andrade diz que um dos maiores desafios é justamente a proposta de trabalhar com “praticamente tudo conectado”. “Precisamos de internet para tudo. Se falhar no aeroporto, temos problemas”, diz.


Rede Siesta Box tem três unidades em aeroportos brasileiros — Foto: Divulgação


Expansão e pandemia

Após dois anos de testes, o empreendedor conseguiu negociar para abrir outra unidade do Siesta Box em Campinas, no aeroporto de Viracopos, um dos mais movimentados do país. De acordo com ele, em 90 dias já conseguiu o retorno do investimento. Em 2018, ele levou o negócio para Brasília. Foi quando recebeu a proposta de começar a franquear o modelo.

Apesar da vontade de crescer, ele conta que tomou a decisão com calma. Mesmo sem saber, foi o melhor que poderia ter feito naquele momento. Em 2020 precisou suspender a operação de todas as unidades por conta da pandemia e do esvaziamento dos aeroportos. “Só reabrimos a partir de 2021, gradativamente. A última que abriu foi em Recife em março de 2022”, conta.

Agora, com os pontos em funcionamento, o empreendedor se sente pronto para iniciar a expansão com franquias. O projeto já está formatado e avalia alguns pontos potenciais para implantação – já há um contrato assinado para Belo Horizonte. Para este ano, o plano é chegar a um faturamento de R$ 3,2 milhões.

A expectativa de Andrade é abrir, pelo menos, duas novas unidades até o final de 2024. O investimento inicial para ser um franqueado é a partir de R$ 700 mil, com retorno estimado em 41 meses. “Em paralelo, estamos trabalhando para ter uma unidade internacional”, adianta.

Fonte: Site PEGN



Comentários