Depois dos Jogos Olímpicos, Rio Sena será liberado para natação até 2025 em Paris

As Olimpíadas de 2024 serão marcadas por um grande feito ambiental: Paris está atingindo os estágios finais de limpeza do rio Sena, que era considerado impróprio para banho já há mais de um século. O projeto histórico de limpeza é resultado de um investimento de 1,4 bilhões de euros (equivalente a 7,3 bilhões de reais) e deve ser um dos maiores legados dos jogos olímpicos, finalmente trazendo nadadores e mergulhadores de volta ao rio Sena.

Esse trabalho, que começou em 1989, começou a despoluir o famoso rio francês e neste ano já vai permitir as competições durante os Jogos Olímpicos. Depois disso, ele será liberado para natação de qualquer cidadão a partir de 2025.

O anúncio foi feito neste mês de julho pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, prometendo a boa notícia  para os Jogos Olímpicos que acontecerão no verão na capital francesa. Anne afirmou ainda que quatro pontos de lazer serão abertos ao público em 2025, incluindo uma região próxima da Torre Eiffel.

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Este é um fato histórico, pois será a primeira vez que parisienses e turistas poderão, sem infringir a lei, dar um mergulho no rio que corta a capital da França. A qualidade da água do Rio Sena diminuiu vertiginosamente devido ao despejo de esgoto industrial e resíduos da população que acontecem há mais de um século.

O cúmulo dessa situação foi a proibição definitiva do banho nas suas águas, que aconteceu em meados de 1923. Mesmo assim, muito gente saltava na água até o início dos anos 1960. 

A liberação vem mais de 30 anos depois que o então prefeito de Paris e mais tarde presidente da França, Jacques Chirac, prometeu deixar o rio limpo o suficiente para que pessoas possam se banhar com segurança.

Em 2016, Hidalgo renovou a promessa, no âmbito da candidatura de Paris para sediar os Jogos Olímpicos. 

Saneamento básico

Os três maiores desafios são desviar a água de esgoto, que ainda vai parar no Sena, melhorar a eficiência das estações de tratamento e acabar com a poluição gerada pelo tráfego fluvial, com a circulação de embarcações de turismo e transporte de pessoas e mercadorias.

A administração da cidade afirmou que análises atuais da qualidade da água certificam níveis “suficientes” ou “excelentes” em clima seco.

As estações de tratamento de esgoto também estão sendo modernizadas ou reconstruídas.

Espera-se que grande parte do trabalho seja concluída até o verão. Isso inclui conectar 23 mil apartamentos e 260 casas flutuantes ao sistema de saneamento. Até então, o esgoto não tratado dessas residências era despejado no Sena.

Captação de água da chuva

A segunda maior obra do projeto é a construção de um imenso reservatório subterrâneo no bairro de Austerlitz, ao leste da capital, para captar água das chuvas quando ocorrem fortes tempestades.

A estrutura tem 50 metros de diâmetro por 30 metros de profundidade, com capacidade máxima de 46 mil metros cúbicos de água. 

De acordo com Samuel Colin Canivez, diretor de Saneamento da prefeitura, com essa obra, o sistema vai interceptar as águas excedentes, deixá-las nesse reservatório enquanto a tempestade não passa e depois, encaminhá-las para tratamento, antes de serem despejadas no rio.

“Quando a chuva cai, a água corre e vai parar no mesmo local para onde vai a água usada nos vasos nas moradias. Para evitar que não transborde em plena rua, nós jogamos essa mistura de esgoto e água pluvial no Sena”, complementa.

Na Olimpíada, o Sena será uma das atrações 

Três eventos olímpicos estão programados para acontecer no Sena, bem no centro de Paris, em 2024: Triatlo, paratriatlo e maratona de natação. E tem mais: o rio revitalizado não servirá apenas como um local esportivo, mas também como parte da cerimônia de abertura. Uma frota de 160 barcos transportará 10 mil atletas ao longo de 6 km do Rio Sena até a Torre Eiffel.

E em 2025, além das pessoas, com a fauna e flora do rio recuperada, os peixes também estarão nadando de volta no Sena. 

Na década de 1960, foram registradas apenas três espécies de peixes sobreviventes em Paris, e elas não ultrapassavam o comprimento de uma mão. Hoje, há cerca de 35 espécies de peixes no centro da cidade, inclusive bagres com 2 metros de comprimento. Além dos peixes, há também moluscos, insetos aquáticos, esponjas e lagostins.

Além disso, o fundo do rio já está desenvolvendo o tipo certo de alga, capaz de filtrar a água. Quanto mais clara a água se torna, mais a alga cresce, e isso gera um ciclo virtuoso de limpeza extremamente benéfico para a cidade.

Fonte: DW, Portal Sustentabilidade, Acessa.Com e Meteored

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