Livros digitais são proibidos na Suécia e Ministra da Educação determina retorno à literatura de papel

A Suécia, que está na nona posição mundial com melhor compreensão de leitura, alerta para o risco de criar uma geração de "analfabetos funcionais". A Ministra da Educação anunciou a paralisação do processo de digitalização das salas de aula, previsto para ser acelerado neste ano de 2023. O país europeu vinha debatendo e questionando o papel dos computadores e telas nas salas de aula das escolas por muitos meses, até que no final do primeiro semestre a ministra Lotta Edholm, do governo conservador de Ulf Kristersson, anunciou que estava a suspensão da estratégia. A digitalização nas escolas tinha sido aprovada pela Agência Nacional de Educação em dezembro de 2022.

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No final do ano passado, em artigo publicado no jornal sueco 'Expressen', a ministra Edholm já apontava sua relutância quanto aos benefícios das telas na sala de aula. Para ela, a digitalização foi "um experimento" e deixou claro seu desconforto com a "atitude acrítica que considera a digitalização como algo positivo, independentemente do conteúdo". Edholm argumentou que os livros têm "vantagens que nenhum tablet pode substituir".

A ministra solicitou relatórios de mais de 60 especialistas em digitalização de salas de aula, incluindo o Instituto Karolinska. Fontes da referida instituição, consultadas pelo 'Diario de la Educación', confirmaram que todas as organizações chegaram à mesma conclusão: "Todas as pesquisas sobre o cérebro em crianças mostram que elas não se beneficiam do ensino com base em telas".

Edholm culpa as telas pelo declínio do nível de compreensão de leitura entre meninos e meninas suecos registrado no relatório mundial que mede essa habilidade, o PIRLS, e isso apesar de a Suécia, com seus 544 pontos, estar acima da média europeia, localizada em 528 pontos. A Espanha obteve uma pontuação de 522 pontos no relatório de compreensão de leitura, e na Catalunha esse número cai para 507.

"Crise de leitura"

A ministra, preocupada com a queda (no relatório do PIRLS de 2016, a Suécia tinha 555 pontos), alertou para o risco de criar uma "geração de analfabetos funcionais" e defendeu a necessidade de tomar medidas para aumentar os níveis de compreensão da leitura, conforme relatado pela mídia sueca nos dias de hoje.

"O relatório do PIRLS é um sinal de que temos uma crise de leitura nas escolas suecas. No futuro, o governo quer ver mais livros didáticos e menos tempo de tela nas escolas", acrescentou.

Nos últimos 15 anos, os computadores substituíram os livros didáticos nas escolas suecas. O governo decidiu agora lançar um programa de reintrodução dos livros. Assim, vai destinar 60 milhões de euros em 2023 e 45 milhões em 2024 e 2025 para recuperar as contas. “Isto faz parte do plano de recuperação da leitura nas escolas, à custa do tempo passado em frente as telas”, explicou a ministra. Um livro por matéria para cada aluno: esse é o objetivo.

Embora a Suécia não tenha dados sobre o tempo de tela dos alunos na escola, em uma pesquisa recente com 2.000 professores, um em cada cinco disse que seus alunos nunca ou quase nunca escreveram à mão.

Fonte: Instituto Humanas Unisinos



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