Para assistir ficção científica, é preciso abstrair.
Assistir com racionalidade não funciona.
É preciso aceitar que homens, monstros e robôs coabitam e estão em guerra entre vários planetas do universo para poder gostar de STAR WARS, por exemplo.
É preciso imaginar que alguns de nós não são humanos, e sim réplicas de laboratório, para poder se deliciar com BLADE RUNNER.
Se usarmos a lógica do pensamento cartesiano, não conseguiremos embarcar em NENHUM roteiro de ficção científica.
Superada esta lição, é possível achar bem interessante o filme alemão PARAÍSO, que está ente os top 10 da Netflix já há algumas semanas (e subindo).
Leia o restante do texto após a imagem.
No futuro, as pessoas podem vender anos de vida para ganhar dinheiro. Muito dinheiro. E receptores compatíveis ganham esses anos e mais tempo de vida, escapam de doenças, etc. Uma grande empresa faz a intermediação disso tudo. O vendedor número 1 dessa organização acaba numa situação financeira crítica e o banco “executa” judicialmente 39 anos de sua esposa. Com isso, ele vê sua companheira envelhecer da noite para o dia. Ela acredita que o casamento acabou e quer esperar o fim dos dias. Ele não. A partir daí, o protagonista Max buscará todas as maneiras para reverter o processo e se vingar daqueles que causaram seu infortúnio.
Embora contendo chavões clássicos do cinema americano, como “a maldade da grande empresa misteriosa que mexe com a vida das pessoas” ou “o movimento rebelde que não aceita o método de vender anos de vida e comete atentados”, que são comuns em ficção, o longa do diretor Boris Kunz vai bem. Tem bom roteiro, ritmo, qualidade de produção e boa interpretação de atores.
O único deslize para mim é a resolução da história, que no meu entender foge completamente ao nexo da trama. Mas se abstrairmos e pensarmos que uma ficção científica não tem muito nexo (hehehe), os alemães se salvam e nos apresentam um ótimo exemplar de seu cinema moderno. (Nota 7,5)
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Renato Martins, jornalista, radialista, cinéfilo e professor, editor da Rede #AtitudePositiva e criador do projeto mulimídia #CenadeCinema.
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