Fundação Pão dos Pobres faz 128 anos e apresenta restauro do seu prédio histórico em POA

A Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio completa 128 anos de atuação, e está marcando o seu aniversário com a entrega da primeira etapa do restauro da sua fachada. A frente do prédio, posicionada para as avenidas Praia de Belas e Borges de Medeiros começou a ser iluminada na noite desta terça (15), exibindo o resultado da fase inicial da requalificação. A edificação vem sendo restaurada desde 2017 pela equipe Studio 1 Arquitetura, sob o comando do arquiteto Lucas Volpatto, já passou por diversas fases e vem buscando apoio para conseguir dar andamento às próximas etapas. Até o momento, metade do projeto foi concluído. O edifício foi tombado em 2004 pelo município de Porto Alegre devido à peculiaridade e riqueza de suas características arquitetônicas e também pela sua importância histórica.


Reprodução Facebook



“Estamos muito satisfeitos por devolver nosso patrimônio histórico à sociedade. O prédio tombado é um dos mais lindos cartões postais da cidade e o Pão dos Pobres realiza, por meio da administração Lassalista, um trabalho social de excelência. Tudo o que fazemos só é possível graças à arrecadação financeira oriunda prioritariamente de empresas, doações espontâneas de pessoas físicas, destinação de verbas por meio de convênios públicos e sociedade civil. Sentimo-nos amparados e motivados a levar adiante nossa missão.” destaca o diretor-geral da entidade, Irmão Albano Thiele.

Histórico do Pão dos Pobres

A Fundação Pão dos Pobres nasceu com o objetivo de levar as pregações de Santo Antônio de Pádua aos fiéis e ao mesmo tempo que tinha como meta assistir as famílias necessitadas da Porto Alegre do final Século XIX. Ação ligada a Diocese que logo se tronaria arquidiocese, a obra de caridade surge nas mãos do Conego Marcelino Bittencourt, vigário da Catedral e conterrâneo do bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira, amigos desde que saem da Bahia. A obra de caridade, chega a segunda década do século XX com novo e único objetivo de acolher os meninos desassistidos de educação e profissionalização oferecendo moradia e educação de qualidade sob a cuidadosa administração dos Irmãos das Escolas Cristas (Lassalistas). A obra, já como uma Fundação, atendendo todo o estado do Rio Grande do Sul, como a única do tipo (pois somente existiam instituições destinadas as meninas). Na mão dos Lassalista prosperou e havendo necessidade de ampliação, vislumbraram uma nova edificação projetada as margens do lago Guaíba. De arquitetura eclética, projeto do alemão Joseph Lutzenberger elaborado no ano de 1925, foi construída com donativos da sociedade Porto – alegrense. Inaugurada entre os anos 1929 e 1930, é um marco referencial na paisagem urbana porto-alegrense, estando em uma das principais avenidas da cidade, ostenta um campanário de cobre com carrilhão de 5 sinos, dois relógios e um conjunto escultórico onde o Santo Antônio com o Menino Jesus estende a mão com o pão para um menino, enquanto outro espera para ser assistido, caracterizando o uso assistencialista e religioso da edificação. Mais abaixo, se tem o martelo e o livro fazendo alusão ao ensino e a profissionalização na qual se propunha a Fundação O Pão dos Pobres.

Arquivo Rede #AtitudePositiva

As obras do prédio

Tombado e inserido no livro Tombo do Município de Porto Alegre como Patrimônio Material da Cidade há mais de 20 anos atras, recebeu a última intervenção nas fachadas quando recebeu novos tons para o acolhimento de um mostra de arquitetura no ano de 2003. No ano de 2017 após notar a evolução do recalque da fundação em que fazia que o edifício estivesse afundando lentamente, iniciando as obras de restauração, foi realizada uma importante operação de melhoramento do solo com uma empresa especializada no método de injeção de geograute. Entre os anos de 2018 e 2019, é realizada a inserção uma subcobertura metálica e a reforma das casas de acolhimento. Em 2021 é iniciada finalmente a restauração das fachadas que implantou o projeto realizado em 2015 pela mesma equipe que restaurou a capela que havia sido incendiada. Iniciada a obra em 2022, Um estudo minucioso sobre a construção da edificação foi realizado, contando com uma equipe multidisciplinar de restauradores, historiadores e arquitetos. Agora em 2023 está sendo inaugurada a primeira etapa do restauro que é a fachada principal realizada com recursos próprios da fundação se destacando a retomada dos tons originas da edificação (amarelo e verde), o restauro do grupo escultórico e o muro da Baronesa e a implantação da iluminação cênica.

Curiosidades

• A arquiteta Cristina Maluf que elaborou o projeto de iluminação cênica realizou o mesmo trabalho no ano de 2003 durante o evento CASACOR. 20 anos depois retorna ao edifício com novo projeto e novas tecnologias

• O grupo escultórico de Santo Antônio e os meninos, de autoria atribuída a Alfred Adloff estava totalmente degradado. Sob comando do conservador e restaurador Manuel Fernandez, a equipe de obra foi treinada para poder trabalhar com a feitura de partes faltantes e consolidação da matéria original das esculturas. Após o treinamento a equipe realizou diversos trabalhos de consolidação nas 22 compoteiras que encimam as pilastras do edifício

• As compoteiras tem desenho único (só tem neste edifício), evidenciando a originalidade e a genialidade do arquiteto Joseph Lutzenberger. O nome não é mera coincidência, pois era pai do renomado ambientalista José Lutzenberger.

• A pesquisa histórica realizada pela equipe de restauração mergulhou na história do Pão dos Pobres desde quando ela existia em uma pequena sala da antiga catedral de porto alegre até os dias de hoje identificando a evolução da fundação junto da sociedade, tendo como fonte os diários do fundador, Marcelino Bittencourt e os escritos em francês pelos primeiros irmãos lassalistas que vieram da França.

• As prospecções cromáticas revelaram mais de 4 camadas e diversas composições de cores que o edifício já teve e confirmou os tons que remetem a aquarela do arquiteto Joseph Lutzenberger realizada para o projeto no ano de 1925.

• A atual cor escolhida remete aos tons originais da pintura de cal e óxido de ferro, trazendo uma nova leitura com nova proposta cromática, mas remetendo as cores pensadas pelo arquiteto. A composição de dois tons foi escolhida através de uma votação com a comunidade do Pão dos Pobres.

• Em 98 anos a estrutura afundou 60 cm em direção a rua da República. Com fundação rasa, o edifício foi construído sobre um solo arenoso e mole de decomposição orgânica. A rocha está a 18 metros de profundidade e no século XIX a região era conhecida como como areal da Baronesa, pois se extraía área do local, uma língua de terra entre o Guaíba e o arroio Dilúvio.

• As terras eram da Baronesa do Gravataí que quando viúva loteou a área deixando para si a porão e que ficava seu ostentoso solar. Com as pesquisas históricas, Se descobriu que sua fachada principal era voltada para as margens do arroio Dilúvio. Foi após vendido também propriedade dos Barões de Nonohay, tendo abrigado ainda uma partição do exército até que é incendiado restando apenas a portada do muro dos fundos. Essa portada ainda permanece e foi tombada junto do prédio do orafanotrio e hoje foi restaurada. O Pão dos pobres compra o terreno no início do século XX para a instalação de sua estrutura. Mais de 3 projetos foram elaborados para o local, ficando definido o do Lutzenberger apenas na em 1925. O arquiteto além de projetar conduziu as obras da edificação. São obras dele também a Igreja São José em Porto Alegre, a igreja e convento de Santo Antônio em Cachoeira do Sul e a fachada da igreja matriz de Caçapava do Sul.

• A Pedra Fundamental da edificação foi colocada em agosto de 1925, aniversário do Pão dos Pobres. E inaugurado no dia 13 de junho dia de Santo Antônio.


Fonte: Assessoria de Imprensa

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