INCRÍVEL: Árvores que seriam derrubadas são transformadas em obras de arte por artista de Gramado (RS)

Uma escultura de madeira repleta de detalhes e que chega a ter milhares de traços. Se engana quem acha que a descrição é de uma peça talhada com formão. A ferramenta é bem maior e com quase dez quilos. O artista de Gramado Diego Tician, de 37 anos, usa uma motosserra como instrumento de trabalho.

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Reprodução Instagram


A paixão pela arte começou há mais ou menos sete anos. Diego já sabia que essa técnica existia, mas nunca tinha se aventurado na área. "Eu usava motosserra só para fazer lenha mesmo", brinca. Ele conta que queria presentear o padrinho e pensou em algo exclusivo. "Peguei uma árvore que estava caída e fiz uma águia", descreve.

Claro que a perfeição foi conquistada ao longo do tempo e também com muito estudo. Como tomou gosto por fazer esculturas, procurou um curso on-line e iniciou a preparação. Depois, largou o trabalho na construção civil e hoje consegue se dedicar à arte.

"Fiz o curso com um asiático e um canadense. Eles são bem mais evoluídos em técnica. No começo foi difícil, entendia alguma coisa que eles falavam, consegui aprender com as videoaulas", reforça Diego, destacando que continua em um processo diário de aperfeiçoamento das técnicas.

Para ele, o trabalho artesanal é uma maneira de homenagear o pai, que produzia peças em madeira e tentou ensiná-lo a usar o formão, mas sem sucesso. "Quero inspirar as pessoas para que coloquem a mão na massa. Hoje em dia, o artesanal está se perdendo por causa das máquinas, só que essas esculturas grandes não tem máquina que faça", frisa.

PróximaAs artes de Diego estão em pontos turísticos de Gramado, como a Praça Major Nicoletti, que fica na frente da igreja matriz, no Centro, e também junto ao Lago Joaquina Rita Bier. Através de uma parceria com a Secretaria da Cultura da cidade, árvores que seriam derrubadas por completo se transformam em arte permanente. E esse é o intuito do artista, dar uma nova vida e um novo significado a esses troncos.

“A madeira já teve vida. Então, sempre desenho um animal, que é para simbolizar a vida que tinha ali. A serragem vira adubo, as lascas de madeiras que sobram dos cortes viram lenha. É um novo ciclo para tudo”, pondera.

Uma das esculturas mais desafiadoras até o momento fica na praça central de Gramado. Uma águia com pouco mais de dois metros. Como a árvore foi cortada, pois estava apodrecendo, ele diz que o maior problema era começar a esculpir e a madeira não estar em condições para corte. Mesmo com as dificuldades, dali brotou a escultura que, desde dezembro de 2021, chama a atenção de quem passa pelo local. “E estar ali é legal porque eu passava as tardes de domingo quando criança naquela praça”, relembra.

Novo processo criativo

Agora, Diego está em uma nova missão, que é até maior. Ele está trabalhando em uma nova escultura, desta vez, na Praça das Etnias. Um pinus precisou ser cortado e vai dar espaço a uma escultura com vários animais. O desenho surpresa, entretanto, está pronto na cabaça do artista. A expectativa é que demore de dois a três meses para a obra ser concluída, com duas horas de trabalho por dia.

O processo criativo do artista, segundo ele, é bem simples: “Eu olho o tronco e imagino a cena, faço o desenho o maior que eu consigo”, relata. “Faço uma meia dúzia de cortes padrão e depois é muita serragem”, diz.

A precisão é importante, porque um corte a mais pode estragar a peça. “Em alguns casos até dá para recuperar, outros não. Se faço um corte errado na cabeça do bicho não tem como consertar”, salienta. Para finalizar a obra, faz uma técnica de pintura com fogo e depois aplica camadas de verniz, para garantir durabilidade.


Mostra na Estação Campos de Canella

Em Canela, também é possível apreciar a arte de Diego. Até o final deste mês de agosto, oito esculturas estão em exposição na Estação Campos de Canella, na área central. O trabalho do artista pode ser acompanhado, ainda, pelo Instagram @escultor_gramado.


Leia e veja fotos na reportagem original no Jornal de Gramado

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