Litoral do RS ganha título internacional de área importante para mamíferos marinhos

O litoral gaúcho agora é oficialmente parte das chamadas Áreas Importantes para Mamíferos Marinhos (Important Marine Mammal Areas - IMMAs, em inglês). A decisão foi publicada no dia 15 de setembro pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), órgão responsável por realizar o mapeamento de espaços semelhantes ao redor do mundo. Ainda que não tenha chancela governamental, o título pode auxiliar na construção de políticas públicas de conservação do ecossistema marinho.


Projeto Botos da Barra/Ceclimar/CLN/UFRGS

Conforme o biólogo Pedro Fruet, coordenador do Laboratório de Mamíferos Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), o selo permitirá, na prática, impulsionar a busca por mais medidas de proteção para a região.  

—É um indicativo, mas ainda não está dentro de um plano de governo. Mas pode, sim, dar um impulso na instalação de áreas protegidas. Isso influenciará no desenvolvimento de atividades no mar. Por exemplo, na energia eólica offshore (em alto-mar): agora, as empresas vão ter que pensar em mais medidas mitigativas (que atenuem o impacto no meio ambiente) — explica o pesquisador.  

O recorte da área gaúcha considerada importante se deu por indicação de uma força-tarefa de especialistas da UICN. No ano passado, na Bahia, representantes da costa marinha do Atlântico Sul, incluindo Brasil, Uruguai e Argentina, se reuniram para indicar e debater sobre a inclusão de novas áreas IMMAs. Após esse processo, houve uma revisão externa e então o aval final para a inclusão do litoral do Estado.

As águas marinhas do RS são importantes habitats de desenvolvimento de espécies, como o leão-marinho-do-sul, os botos-de-Lahille (considerados em perigo de extinção) e as baleias francas. Para o professor da Furg, a criação de políticas públicas específicas aos ecossistemas dessas espécies dependerá de como cada região vai encarar a sua própria política. 

— Teremos indicadas e mapeadas as áreas de conservação e pesquisa. Contribui muito para os botos, por exemplo, porque pega toda a área de distribuição desses animais e favorece o combate à extinção deles — explica Fruet.  

Questionado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) não respondeu à reportagem. Por outro lado, fontes da autarquia confirmaram que o título pode ser considerado um subsídio para criação de unidades de conservação, regramentos de pesca e para fiscalização. 

No RS, uma dessas unidades que fica em área marinha é o Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, em Torres, no Litoral Norte.  


Fonte: Gaúcha ZH



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