Ailton Krenak ganha eleição na ABL e se torna o primeiro autor indígena imortal

Ailton Krenak é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na quinta-feira (5), o escritor, filósofo, ativista e liderança indígena foi eleito com 23 votos para ocupar a cadeira número 5 da ABL, cujo antecessor foi José Murilo de Carvalho. Assim, Krenak torna-se o primeiro indígena membro da ABL.

Garapa - Coletivo Multimídia / Wikimedia Commons.


Sua eleição coincide com o aniversário de 35 anos da Constituição Cidadã, promulgada em 5 de outubro de 1988. Durante a Assembleia Nacional Constituinte, Krenak desempenhou um papel significativo em defesa do Capítulo dos Índios (arts. 231 e 232), ficando marcado por seu célebre discurso proferido no Congresso Nacional em 04 de setembro de 1987. Nos anos que antecederam a promulgação da Constituição, Krenak participou também da organização e articulação do Movimento Indígena.

Autor de títulos como “O amanhã não está à venda”, “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é útil”, Krenak é uma voz incansável na defesa dos direitos dos povos originários, da vida na Terra, e de um novo modelo de desenvolvimento que coloque as pessoas e o meio ambiente no centro do debate e das preocupações.

Krenak falou à ABL dos seus planos enquanto imortal:

"Uma das minhas intenções é convidar a ABL para criar uma plataforma, com a experiência que temos, por exemplo, com uma plataforma que já existe, chamada Biblioteca Ailton Krenak, disponível para quem quiser acessar na web centenas de imagens, textos, filmes e documentos. Não é legal? Poderíamos fazer isso com todas as línguas nativas. Teria tudo a ver com a Academia Brasileira de Letras incluir mais umas 170 línguas além do português. Se olhamos os acervos que já existem, o Museu do Índio tem um acervo muito antigo de registros de narrativas, algumas delas só na língua materna. Vamos traduzi-las com uma tradução simultânea e as pessoas vão poder ouvir. Podemos fazer isso junto com todas as etnias que estão envolvidas no resgaste linguístico. A Unesco declarou essa década a segunda década das línguas indígenas. Podemos chamá-la para dar um pouco mais de publicidade junto com a ABL. A ideia é priorizar a oralidade, e não o texto. O que ameaça essas línguas é a ausência de falantes."

Em março, Krenak também tomou posse na Academia Mineira de Letras (AML).


Fonte: Agência Brasil

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