INSPIRAÇÃO: Diretora de teatro se inspira em relatos de catadores para obra documental

A diretora de teatro Marina Zurita, 25, sonha que um dia a dinâmica de trabalho vista por ela entre catadores de materiais recicláveis brasileiros seja reconhecida também por estrangeiros. Brasileira radicada em Nova York (EUA), ela está trabalhando na construção do projeto Riven - ou ‘Ruptura’, na tradução para o português -, uma montagem de teatro documental feita a partir de depoimentos desses trabalhadores alocados em cooperativas.

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“Eu queria mostrar isso num lugar de identidade mesmo. Mostra algo como: 'olha que sensacional, a gente tem samba, a gente tem futebol e a gente tem uma comunidade de catadores incríveis'”, diz Marina, que estudou nos Estados Unidos e está se estabelecendo como diretora em uma das cidades mais cosmopolitas do mundo.

Ele começou juntando recicláveis e hoje comanda rede de restaurantes

O interesse pelo tema surgiu durante a pandemia de covid-19. Cumprindo as normas de isolamento social, Marina passou a pensar mais nos trabalhadores que não tinham aquele privilégio de permanecer em casa. Um ano depois do início da emergência sanitária, em 2021, ela voltou ao Brasil para entrevistar catadores, cooperados e cientistas sociais.

Dessa imersão, Marina percebeu que havia um movimento entre eles que passa despercebido para o resto da sociedade. “Eu fui aprendendo, principalmente, sobre os benefícios do cooperativismo. Eu não estava esperando me interessar tanto sobre isso. Além disso, me surpreendi com a capacidade que os catadores têm de sobreviver em tempos de crise”, explica.

Para desenvolver o projeto, Marina visitou cooperativas de São Paulo

Ela ressalta que a reciclagem é atualmente a única forma que temos para tirar os resíduos que produzimos da Terra, o que eleva a importância desses trabalhadores. “Eles são uma comunidade gigantesca que serve um papel muito essencial. E, ao mesmo tempo, eles são tidos como invisíveis.”

Das histórias que ouviu, mesmo sem procurar por aquilo, encontrava a solidariedade como um elo. Foi a partir disso que construiu, ao lado de duas atrizes também brasileiras, Josanna Vaz e Laila Garroni, a história das personagens que dão vida a Ruptura.

Projeto premiado

O projeto já passou por algumas “versões prévias”, como ela conta. Uma dessas montagens, inclusive, foi premiada pelo NYC Women’s Fund, depois de ser apresentada em junho deste ano. “Essa premiação existe para apoiar mulheres na indústria do entretenimento. São projetos que estão em fase de desenvolvimento, e o apoio é para poder financiar o seu desenvolvimento”, afirma.

Para que a peça seja apresentada no Brasil, que é o grande objetivo de Marina, é preciso arrecadar fundos para o seu desenvolvimento no País, já que os recursos que ela têm hoje estão restritos aos EUA.

A diretora espera que, no ano que vem, ela, Josanna e Laila possam retornar e através de encontros com um grupo de catadoras de uma cooperativa no interior de São Paulo criar uma nova versão, mais atualizada, do projeto.




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