CEITEC é retomada em Porto Alegre; chips serão produzidos a partir de 2024

Após quase três anos parada, desde que foi colocada em processo de liquidação, a Ceitec — fábrica estatal de chips com sede em Porto Alegre — teve a sua operação oficialmente retomada nesta semana. Uma cerimônia na sede da companhia, com a presença da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, marcou a volta da produção.

A expectativa é que a fábrica volte a produzir a partir do ano que vem, concomitantemente aos investimentos previstos dentro da chamada nova rota tecnológica do governo federal — são R$ 116 milhões já reservados. Em sete anos, a projeção é de que a Ceitec se torne independente de recursos estatais a partir da sua inserção no mercado. Segundo a ministra, o caminho está sendo desenhado com a parceria de seis grandes empresas do ramo eletroeletrônico.


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Outra parte importante da retomada passa por recolocar a empresa na lei orçamentária do ano que vem, para que novos recursos sejam destinados à operação.

O retorno da Ceitec era aguardado desde o início do ano, quando a extinção da empresa pública foi revogada em decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em novembro, a retomada foi autorizada.

A reversão do processo de liquidação se deu após a retirada da empresa de uma lista de desestatização, encaminhada na gestão de Jair Bolsonaro, em 2020. A extinção ocorreu em meio à uma crise mundial de falta de chips, acentuada durante a pandemia.

Conforme a ministra, a Ceitec faz parte de um projeto que é estratégico para o Brasil. A pandemia forçou um rearranjo das cadeias produtivas mundiais, exigindo autonomia dos países. E a reversão da liquidação atende a esta necessidade.

A produção dos semicondutores auxiliará duas frentes que são metas de governo: o desenvolvimento do setor automotivo via carros elétricos e a transição energética. O objetivo é atingir 7% do mercado sul-americano com os investimentos em inovação e tecnologia no prazo estipulado de sete anos.

— A demanda por chips vai continuar superando a oferta, portanto é uma janela de oportunidade — disse a ministra, depois de uma visita à chamada Sala Limpa da fábrica do Ceitec.

A perda de pessoas foi uma das piores heranças do processo de liquidação da estatal. Atual gestor e “ex-liquidante” da Ceitec, Augusto Cesar Gadelha Vieira diz que será necessário recompor o quadro de funcionários da linha de produção. A estratégia será atrair de volta ao quadro engenheiros e designers que foram absorvidos pelo mercado. Foram 110 demitidos desde o fechamento.

Gadelha tratou da reversão da extinção como “uma batalha corajosa”. E celebrou a volta da Ceitec como empresa atuante e abridora de portas para o setor eletrônico e a atração de investidores. A cerimônia foi acompanhada por diversos servidores, que comemoraram a volta da empresa.

— Não adianta atrair investimentos se aqui não existem as sementes. A Ceitec é uma delas e tem papel fundamental neste processo — disse Gadelha.

RS lançou programa para o setor

Secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, Simone Stülp destacou que o Rio Grande do Sul está em momento favorável de formação de pessoas, seja pelos editais recentemente lançados pelo governo do Estado, seja por programas federais. Em setembro, o governo gaúcho lançou um programa focado no setor, o Semicondutores RS.

— Perdemos pessoas importantes do setor para outros países com o fechamento. Teremos que ter no radar como atrair de volta essas pessoas para que queiram estar aqui no Rio Grande do Sul — avaliou Simone.

Criada em 2008, a Ceitec é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e referência em desenvolvimento e fabricação de semicondutores. A fábrica tem capacidade para criar todos os processos, do design ao encapsulamento dos chips.

Os semicondutores são utilizados em larga escala na fabricação de componentes eletrônicos, de celulares a automóveis. Genericamente conhecidos como chips, os dispositivos ainda são empregados em diversos outros segmentos, como a saúde e o agronegócio.

Fonte: GZH

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