Livro da UFRGS sobre formação de vilas populares em Porto Alegre recebe prêmio nacional

Publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o livro “A Cidade Que Devora Malocas” conquistou o primeiro lugar na categoria Ciências Sociais Aplicadas no 9ª prêmio da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu). A publicação é assinada por Álvaro Antonio Klafke, Rodrigo de Azevedo Weimer e Vinícius Reis Furini, que analisam o processo de surgimento de vilas populares na Porto Alegre de 1943 a 1973.

Acervo Marcello Campos

No foco está a dinâmica de exclusão urbana em relação às classes populares no período, bem como estratégias de resistência adotadas pelos moradores dessas áreas de habitação precária. O levantamento de informações contou com o acervo do Arquivo Histórico Municipal Moysés Vellinho (vinculado à prefeitura da capital gaúcha), além de uma pesquisa não concluída pela extinta Fundação de Economia e Estatística (ligada ao governo gaúcho).

“Investigávamos migrações rural-urbanas, por meio de textos da imprensa e entrevistas”, relata Vinícius Reis Furini, doutorando em História pela UFRGS e bolsista da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação. “Nas duas modalidades da pesquisa, as ‘malocas’ eram mencionadas de forma recorrente. Percebemos a necessidade de firecionar nossos estudos à habitação popular, uma grande preocupação dos homens e mulheres da cidade nas décadas de 1940 a 1970.”

Desdobramentos

A pesquisa rendeu frutos como o trabalho de conclusão de curso e a dissertação de mestrado de Vinícius Furini, que em seu primeiro trabalho analisou os estigmas presentes nas representações da imprensa e de cronistas sobre as vilas e, em especial, a Mato Sampaio, no bairro Bom Jesus (Zona Leste).

“No mestrado, ele investigou as relações entre sujeitos e grupos sociais no local conhecido como Doca das Frutas, por meio de inquéritos policiais e processos criminais”, salienta o historiador do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (Apers) Álvaro Antonio Klafke, doutor em História pela UFRGS.

Para o também historiador do Apers Rodrigo de Azevedo Weimer, que também atua como professor-colaborador do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS, a pesquisa resultou no direcionamento ao estudo da história de pessoas LGBTQIAPN+, a partir de um relatório produzido pela prefeitura nos anos 1950 e que justificava, por argumentos homo e transfóbicos, o processo de expulsão de moradores desses locais.

Conforme o diretor da Editora da Universidade, Claudio Oliveira Rios, a premiação “é motivo de felicidade, prestígio e orgulho” para a instituição. Ele  acrescenta: “Produzir um conteúdo acadêmico de excelência, capaz de competir entre as melhores editoras e universidades do País e, ainda assim conquistar o primeiro lugar, é uma validação do trabalho que estamos realizando”.


Fonte: O SUL

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