#CENADECINEMA: Leia a análise de O MUNDO DEPOIS DE NÓS, o filme que está dividindo opiniões na Netflix

Vamos lá então: eu, assim como quase todo mundo, também assisti O MUNDO DEPOIS DE NÓS no fim de semana passada, no streaming da Netflix. 

Claro, a gente olha aquele menu de títulos e aí aparece, com todo jeito de filmão, aquele trailer com Julia Roberts no elenco...

E "me falaram que o Obama produziu o filme!". Então bora lá apertar o play.

Só consegui parar agora para escrever para vocês, leitores da Rede #AtitudePositiva. 

Leia a análise completa depois da imagem.

Divulgação

Muita gente está se decepcionando, dizendo que o filme é ruim ou não entendeu - principalmente o tal final.

Pois bem, eu tive impressões diferentes: embora ele no início seja realmente EXTREMAMENTE CHATO (eu estava quase colocando o FF, o fast forward, para ir mais rápido ou mesmo desistindo, já que a obra estava infringindo a minha regra básica - a de que "se o filme não te conquistar nos primeiros 15 minutos, desista"). Aguentei um pouquinho mais e ficou interessante, com aquela história do navio na praia.   

Aí eu quis pagar para ver, e o que ganhei? Ótimas atuações, para começar. Todo mundo está muito bem, destacando Ethan Hawke que tem se entregue a papéis diversificados ultimamente, inclusive muitos descartáveis. Mas bons, em sua maioria. Mahershala Ali é um ótimo ator, e principalmente depois de GREEN BOOK e TRUE DETECTIVE, passei a prestar mais atenção neste cara. E ainda, uma ponta de luxo de Kevin Bacon de tirar o chapéu...

A história de um possível fim de mundo, ou um apagão, uma guerra, ou de simplesmente algo estranho acontecendo planeta, proposta no filme baseado no livro do escritor Rumaan Alam, é bem interessante e provocativa. No entanto, a transformação em película pelo diretor Sam Esmail não é eficiente. Resulta num produto irregular, com muitos altos e baixos, alternando entre cenas muito bem resolvidas e outras pessimamente construídas.   

Há, inclusive, em alguns trechos, aquela sensação terrível que acharmos que o diretor ou o roteirista não souberam o que fazer para concluir determinada situação e por isso simplesmente optam pelo silêncio ou cortam bruscamente a cena. Deprimente. 

O diretor já assinou alguns episódios de séries futuristas como MR.ROBOT e HOMECOMING (esta com Julia Roberts também), mas talvez o desafio de comutar para a tela as páginas de um livro apocalíptico denso e subjetivo, não seja tarefa fácil. Mas Esmail teve a ajuda de muita gente, da própria Jula Roberta e sim, do casal Obama (o ex-presidente Barack e a ex-primeira dama Michelle) que foi produtor do longa. Os dois são proprietários de uma produtora que inclusive assina o premiado documentário INDÚSTRIA AMERICANA, também disponível no Netflix. 

O filme ainda lembra, em alguns momentos, a cinematografia de tensão do genial M. Night Shyamalan (cujo recente TEMPO também estreou na Netflix e as comparações são inevitáveis) e de Jordan Peele, festejado cineasta da mesma escola de suspense, de quem lembrei de NÃO, NÃO OLHE.

Mas, vencidas estas barreiras um pouco imperdoáveis, se você, como eu, mantiver o interesse para ver onde vai dar tudo aquilo e o que revela o livro de Alam, é possível que o resultado final não seja tão ruim como estão escrevendo por aí. A avaliação, porém, é muito pessoal, pois as visões e percepções variam muito de espectador para espectador. Mas O MUNDO DEPOIS DE NÓS tem vários momentos brilhantes, curiosos e diferenciados. Fora da curva. 

E o final? O final é sensacional!!!!

Nota 7


renatomartins@redeatitudepositiva.com.br


Renato Martins, jornalista, radialista, cinéfilo e professor, editor da Rede #AtitudePositiva e criador do projeto mulimídia #CenadeCinema.

Comentários