Escrevo este artigo por ocasião das frívolas polêmicas em cima do assunto "BARBIE no Oscar": logo mais abaixo, no final deste texto, recupero o comentário que fiz quando saí da sala de cinema em agosto passado. Continuo achando exatamente a mesma coisa.
Mas antes, algumas questões. Veja logo depois da imagem.
Divulgação |
Recentemente postei que acho um absurdo colocar o filme de Greta Gerwig na lista de melhores do ano, ao lado de OPPENHEIMER e ASSASSINOS DA LUA DAS FLORES, por exemplo. Inadmissível. São patamares e quilates diferentes.
Da mesma forma, Ryan Gosling - por esta atuação específica - não pode respirar o mesmo ar de Robert de Niro e Robert Downey Jr. na categoria ator coadjuvante. É um absurdo.
Há um séquito reclamando que Margot Robbie não foi indicada, e que isso seria discriminação (pois o Ryan foi indicado). Não seria, da mesma forma, justo. Ela não mereceria estar ao lado de nomes fabulosos como Annette Bening e Lily Gladstone, estupendas em suas atuações.
Eu poderia, quem sabe, aventar a possibilidade da diretora Greta Gerwig estar indicada. Mas não para satisfazer o povo que ungiu BARBIE como o grito do empoderamento feminino destes tempos, mas sim pela sua ousadia e criatividade ao desenvolver o filme - que é, sim, inovador.
E de novo, tenho que repetir aos não entendem a minha indignação: não é que seja um filme ruim, só não é bom suficiente para entrar neste sagrado grupo do qual fazem parte títulos como GLADIADOR, FORREST GUMP, AMADEUS, ...E O VENTO LEVOU, CASABLANCA, A UM PASSO DA ETERNIDADE, O PODEROSO CHEFÃO, GANDHI e tantos outros....notam como a cepa é diferente?
Os filmes nos tocam emocionalmente de diversas maneiras. Nos identificamos com as histórias e/ou personagens, com as causas, como no caso de BARBIE. Mas na hora de julgar uma premiação, o foco deve(ria) ser em qualidade fílmica, de desempenho cinematográfico em todos os sentidos, e o filme precisa atender minimamente a isso. BARBIE não chega lá.
Na verdade, o longa de Greta teve uma grande falha de comunicação - este que é o problema que domina o mundo: as campanhas de marketing não conseguiram informar que um filme colorido sobre o mundo das bonecas NÃO era para crianças, e que os adultos TODOS teriam que entender a linguagem subliminar e irônico que levanta a bandeira da igualdade entre homens e mulheres, com uma grande queda para o "time das mulheres." Ficou no meio do caminho e agradou apenas uma parcela de intelectualóides que veneraram o lado panfletário da obra.
Ah, mas já não tiveram tantos títulos fracos nessa mesma categoria? Algumas produções "menores" inclusive ganhando a estatueta de melhor filme.
Sim, e quem de nós quer nivelar por baixo?
Leia a seguir o comentário sobre BARBIE em agosto de 2023, na época em que o filme estava em cartaz.
E depois de semanas resistindo, acabei indo ver o “filme do ano” BARBIE, para acompanhar a minha pequena…e claro, eu precisava assistir depois de colher tantas opiniões controversas.
Achei um filme irregular. Começa bem, com uma dose de autocrítica e boas tiradas de humor perspicaz (dizer que é inteligente seria demais), mas depois o roteiro afunda no discurso filosófico que, se é cansativo para adultos, imaginem para crianças.
Eu sei que é politicamente correto falar sobre empoderamento, patriarcado, feminismo, diversidade e outros importantes temas, mas a dose é excessiva e na verdade eu esperava apenas um pouco mais de diversão. Nesse sentido, fiquei um pouco decepcionado. Mas talvez porque tenha esperado demais depois de ler rasgados elogios a uma obra “fantástica e necessária” para o mundo de hoje.
Fiquei só com algumas piadinhas (como o Ken tocando Matchbox 20) e o resto foi enfadonho. Acho que a minha filha também não se empolgou muito….NOTA 5
Pelo menos, assisti na qualidade de som e imagem no melhor cinema do RS: GNC Cinemas!
(Não fui de rosa porque minha gravata rosa não combinava com o abrigo e o tênis)
renatomartins@redeatitudepositiva.com.br |
Renato Martins, jornalista, radialista, cinéfilo e professor, editor da Rede #AtitudePositiva e criador do projeto mulimídia #CenadeCinema. Renato também é apresentador na Rádio Guaíba de Porto Alegre e na RDC TV.
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