Relatório aponta redução de mais de 40% nos registros de ataques a jornalistas em 2023

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou o relatório 'Monitoramento de ataques gerais e violência de gênero'. O documento foi apresentado em encontro on-line realizado na última semana. Os números presentes no estudo são referentes a 2023 e acompanham análises sobre o cenário da liberdade de imprensa no Brasil, abordando questões como violência política, digital e de gênero. No ano passado, foram registrados 330 ataques aos jornalistas, em uma redução de 40,7% em relação a 2022.

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Os dados foram apresentados pela pesquisadora Rafaela Sinderski, responsável pelo monitoramento da Abraji. A profissional aponta que mudanças na natureza dos ataques e redução dos casos não representam, necessariamente, um contexto mais seguro para a imprensa. "É preciso questionar se o cenário está melhorando ou o padrão de violência que está mudando", comentou.

Também estiveram presentes na discussão as jornalistas Daniela Lima, âncora da GloboNews, Marina Dias, repórter do The Washington Post, e Sarah Teófilo, repórter d'O Globo e diretora da Abraji, mediadora da conversa. O debate está disponível neste link.

De acordo com a tendência estabelecida nos anos anteriores, predominaram, em 2023, os discursos estigmatizantes contra profissionais da imprensa, representando 47,2% dos ataques registrados. Este tipo de agressão está ligado a estratégias de descredibilização do setor, iniciadas, incitadas e propagadas por atores políticos nos últimos anos, principalmente em ambientes digitais. Cerca de 52,1% dos casos coletados no ano aconteceram on-line, especialmente os direcionados a mulheres, que têm grande repercussão nas redes.

A institucionalização da violência contra a imprensa também foi um ponto considerado na interpretação dos dados. Ao longo dos últimos quatro anos, atores estatais foram os autores da maior parte dos ataques: em 2023, estiveram envolvidos em 55,7% dos casos.

A proporção de agressões físicas aumentou, alcançando 38,2%, contra os 32,2% de 2022. Os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 tiveram reflexos diretos nesses resultados, pois muitos jornalistas foram atacados durante a cobertura do episódio, sofrendo violência física, ameaças, intimidações e destruição de seus equipamentos.  

Fonte: Coletiva Net


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