“A gente vê sentido no que a gente faz”. A frase é de Lucas Stein Moraes, estudante do curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e um dos líderes do grupo Ressignificando Eletrônicos. O projeto está realizando manutenção e reparos de equipamentos afetados pela cheia de maio.
Lucas Stein/Divulgação |
Criado no final de 2023, o grupo de extensão tinha como objetivo gerar novas utilidades para aparelhos que fossem descartados como lixo eletrônico. De acordo com Giulia Neves Colombo, estudante de Engenharia Elétrica e também líder do projeto, antes da enchente ocorrer, eles estavam trabalhando em um amplificador de áudio de baixa potência, proveniente de uma fonte de computador. Porém, assim que a catástrofe climática se instalou no Rio Grande do Sul, os integrantes do projeto começaram a auxiliar as pessoas que tiveram seus aparelhos atingidos pela água.
Atualmente, os atendimentos para limpeza e conserto de equipamentos são realizados nas casas das pessoas. Para solicitar o serviço, que é gratuito, basta preencher o formulário que está no perfil do Instagram da ação. A sede do grupo também estará aberta em breve para auxiliar a população. De acordo com Giulia, porém, no local serão realizados reparos mais complexos. O endereço será divulgado nas redes sociais do projeto.
O Ressignificando Eletrônicos também posta diversos conteúdos úteis no Instagram para as pessoas recuperarem seus aparelhos sozinhas. Somado a isso, o projeto está montando um manual de desmonte e manutenção de aparelhos domésticos, que posteriormente será divulgado.
Nos primeiros 10 dias de atendimento, cerca de 50 pessoas foram ajudadas. Os líderes contam que os principais equipamentos que eles ajudam a recuperar são geladeiras, micro-ondas e máquinas de lavar, que têm reparos mais simples.
— No atendimento, a gente tem foco principalmente em fogão, geladeira, máquina de lavar, micro-ondas e forno elétrico, mas mexemos em outras coisas. Porém, por orientação dos professores, não mexemos em televisores — diz a estudante.
O projeto conta com 140 voluntários inscritos, entre professores, alunos e ex-alunos da Escola de Engenharia e técnicos. A iniciativa estabeleceu relação com diversas empresas juniores da universidade e recebeu apoio do Núcleo de Empresas Junior de Porto Alegre (NEJ Poa).
Emoção
Para o grupo, a emoção em ajudar pessoas com o conteúdo que aprendem na faculdade é intensa. Contribuir na recuperação de um equipamento que as famílias não teriam condições de comprar tão cedo fez com que eles pudessem ver sentido nas suas formações.
— Na Engenharia, a gente se sente um pouco solitário, e poder ver a alegria que a gente traz para as pessoas utilizando o conhecimento que vemos na faculdade é gratificante. Isso é a extensão universitária, retornar para sociedade o que a gente aprende — diz Giulia.
Conserto na hora certa
Laura Luísa Peres, 60 anos, foi uma das pessoas que recebeu o atendimento do projeto. Ela vive com suas filhas e o marido no bairro Harmonia, em Canoas, e teve sua casa alagada até o teto. Quem foi responsável por apresentar a iniciativa para a família foi a dinda de sua filha, que é e aluna da UFRGS. Após se inscreverem, a equipe foi até o local para consertar a máquina de lavar, o freezer, a geladeira e o fogão. Para Laura, o sentimento que fica é o de gratidão, pois conseguiu recuperar os aparelhos que estava pensando que precisaria adquirir novos:
– Eu me sinto bastante agradecida, me senti muito acolhida. Eles foram muito gentis, me explicaram bastante as coisas. Eu já estava me preparando pra comprar os itens que eles arrumaram. Estava pensando em como eu ia fazer tudo isso, já que perdi tudo.
Como ajudar
Doações em dinheiro podem ser enviadas para a chave Pix doacoes.enchentes@faurgs.com.br.
Para doações de itens como ferramentas, equipamentos de proteção individual e peças de reposição, contate o perfil no Instagram do grupo.
Fonte: GZH
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