China: exportações de carne de frango do Brasil são retomadas e carga do RS será analisada

As exportações de carne de frango do Brasil para a China podem ser retomadas imediatamente, de acordo com o comunicado do governo chinês para o Brasil. A carta a que o Agro Estadão teve acesso foi enviada no final da manhã desta terça-feira (13), no fuso horário chinês (final da noite de terça no Brasil) para a Embaixada do Brasil na China e libera as exportações a partir do dia 12 de agosto. 

Julia Chagas/Seapi


O documento diz que “o lado chinês reconhece a comunicação tempestiva das informações relacionadas ao foco e a suspensão voluntária das exportações de carne de aves para a China pelo lado brasileiro”.

Com isso, os estados livres da doença de Newcastle podem voltar a exportar carnes de frango e derivados. Uma ressalva é feita para Santa Catarina – não podem ser abatidos frangos vindos do Rio Grande do Sul.

Os oito frigoríficos do Rio Grande do Sul habilitados para exportar para a China seguem restritos. Porém, as cargas que foram embarcadas depois do dia 17 de julho e antes de 2 de agosto poderão ser liberadas se forem aprovadas na inspeção e análise laboratorial “lote por lote” pelas aduanas chinesas.

As unidades são:  Cooperativa Central Aurora de Alimentos, de Erechim (SIF 68), BRF, de Serafina Corrêa (SIF 103), Cooperativa Languiru, de Westfália (SIF 730), JBS Aves, de Passo Fundo (SIF 922), Companhia Minuano de Alimentos, de Lajeado (SIF 1661), BRF, de Marau (SIF 2014), JBS Aves, de Montenegro (SIF 2032), e Agrosul Agroavícola, de São Sebastião do Caí (SIF 4017).

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (Mapa), Roberto Perosa, destacou o trabalho dos profissionais brasileiros na China para suspensão do autoembargo das exportações de carne de frango. “A embaixada do Brasil em Pequim e os adidos agrícolas foram essenciais nesta negociação”, disse Perosa ao Agro Estadão. 

“Depois de intensa negociação e entendimento com as autoridades chinesas chegamos a liberação para exportação de aves do Brasil para a China com exceção do Rio Grande do Sul . Continuamos em tratativas para liberação do Rio Grande!”, completou.

A carta também pede que o Brasil adote “medidas eficazes para evitar as exportações dos produtos originários do estado onde foi detectada a doença para a China por ‘outros caminhos’”.

Relembre o caso e veja a situação das exportações de carne de frango

O foco da doença de Newcastle foi identificado no dia 17 de julho em Anta Gorda (RS) e considerado finalizado no dia 25 de julho. Agora, apenas a Argentina mantém restrição às exportações de todo o Brasil.

De todo o Rio Grande do Sul, seguem as restrições dos seguintes países: África do Sul, Arábia Saudita, Bolívia, China, Chile, Malásia, México, Peru, União Econômica Euroasiática e Uruguai.  

Já a zona de restrição (raio de 10 km) não pode exportar para: Albânia, Canadá, Cazaquistão, Coreia do Sul, Cuba, Egito, Filipinas, Hong Kong, Índia, Israel, Japão, Jordânia, Kosovo, Macedônia, Marrocos, Maurício, Mianmar, Montenegro, Namíbia, Paquistão, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Tadjiquistão, Timor Leste, Ucrânia, União Europeia, Vanuatu e Vietnã.

Asgav: “O Rio Grande do Sul também é Brasil”

A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) reconhece o avanço para o setor brasileiro como um todo e destaca a agilidade do trabalho feito pelo serviço de vigilância sanitária do estado e do Ministério da Agricultura na contenção e eliminação do foco de Newcastle. 

O presidente da Asgav, José Eduardo dos Santos, reitera o pedido para que as autoridades brasileiras continuem o trabalho para liberar as exportações gaúchas. “Que continuem com muita firmeza, muita proximidade com a China e os outros países que continuam embargando o Rio Grande do Sul, já que esse caso foi isolado e houve toda essa contenção e erradicação com eficácia”, diz ao Agro Estadão. 

Ele pontua a necessidade de retomada com a “máxima urgência” para evitar danos econômicos e reforça que o “Rio Grande do Sul também é Brasil”.

O que diz o setor de proteína animal

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou uma nota ressaltando a rapidez e a transparência com que a situação foi identificada, processada e finalizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e as demais autoridades envolvidas. E diz que a ABPA seguirá apoiando o governo brasileiro nos avanços das tratativas para o fim das suspensões aplicadas às exportações do Rio Grande do Sul.

Conforme levantamentos da ABPA, a China é o principal destino das exportações de carne de frango do Brasil. Entre janeiro e julho deste ano, o país importou 337,2 mil toneladas da proteína animal, gerando receita de US$ 745,6 milhões. Apenas no mês de julho, os embarques chegaram a 61 mil toneladas, com receita de US$ 144,6 milhões.    

“Apesar da suspensão, os impactos no fluxo de exportações foram baixos, já que houve redirecionamento temporário das cargas para outros mercados demandantes dos mesmos produtos que são enviados à China”, disse a ABPA em nota.

Fonte: Agro Estadão

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