DECEPÇÃO. Não há outra palavra para definir quando você admira o trabalho de um cineasta e, de repente, ele te apresenta aquilo que talvez seja o pior da sua carreira.
Explico. Mas é preciso um pequeno retrospecto sobre o diretor indiano M. Night Shyamalan.
Depois de encantar todo mundo com SEXTO SENTIDO em 1999, continuou no mesmo pique com CORPO FECHADO em 2000, dividiu as opiniões com SINAIS, A VILA e A DAMA DA ÁGUA de 2002, 2004 e 2006, respectivamente, mas ainda assim bons filmes.
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Ele manteve um ótimo ritmo com o longa FRAGMENTADO, de 2016, a série SERVANT, de 2019, e no mesmo ano, uniu novamente três atores de seus filmes anteriores (James McAvoy, Bruce Willis, Samuel L. Jackson) com VIDRO. Tudo acima da média e bem interessante.
Fã de Steven Spielberg e com muita inspiração no mestre do suspense Alfred Hitchcock, Shyamanlan criou sequências memoráveis desse gênero, flertando em ocupar esse posto de "mestre do suspense no cinema" e até mesmo se escalando como figurante nos filmes, em aparições discretas, como fazia Hitchcock.
Mas algo começou a piorar. Rapidamente.
TEMPO, de 2021, tinha uma premissa boa mas foi mal resolvido, com um final destrambelhado. Já em 2023, eu gostei de BATEM À PORTA, mas era inferior ao conjunto da obra de Shyamalan e muita gente criticou. Ao lançar a filha no mundo do sétima arte e produzir OS OBSERVADORES (já comentei aqui https://encurtador.com.br/ItXCF), o resultado foi bem ruim.
Aí chegou ARMADILHA, produção desse ano, que eu estava tão esperançoso.
Filme ruim, roteiro pífio e ridículo, beirando a comédia. É praticamente um show filmado da (outra) filha, que seguiu a carreira de cantora - ainda bem, porque como atriz é péssima. Ele já tinha dito que fez o filme para valorizar o trabalho musical dela, mas podia ter caprichado um pouquinho mais na embalagem.
Para completar, a atuação de JOSH HARNETT - aquilo que alguns críticos escreveram que "salva" o filme e o diretor - é ainda pior. Eu não consegui interpretar as feições, trejeitos e semblantes do controverso personagem principal interpretado pelo ex-galã de títulos como FALCÃO NEGRO EM PERIGO, PEARL HARBOUR e PAIXÃO À FLOR DA PELE. E mais incrível ainda: qualquer outro bom ator faria uma festa na pele do tal Copper, o pai que leva a filha num estádio para um grande show e transita entre o lado meigo e soturno, quando o ambiente se transforma numa grande caça de gato e rato, com a polícia procurando um criminoso mentalmente abalado.
Sem falar do final completamente clichê...
Não funcionou, Night.
Ainda bem que não vi no cinema, e deixei para me deprimir na frente da TV de casa no streaming. Disponível para compra no Google Play, Amazon Prime e Apple TV+.
Nota 3.
renatomartins@redeatitudepositiva.com.br |
Renato Martins, jornalista, radialista, cinéfilo e professor, editor da Rede #AtitudePositiva e criador do projeto mulimídia #CenadeCinema.
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