#CENADECINEMA: Leia a análise de RENATO MARTINS a respeito do filme CORINGA: DELÍRIO A DOIS

CORINGA 2: É SÓ UM DELÍRIO? - Depois de muitas polêmicas, críticas divididas e insultos para quem não gostou ("o filme não é ruim, você que não entendeu"), fui conferir lá no GNC Cinemas a continuação do CORINGA de 2019, mais uma vez dirigido por Todd Phillips e com o mesmo protagonista, o genial Joaquin Phoenix.

O filme não é ruim, mas não é grande coisa. 

Divulgação

Não é, de longe, o competente e talentoso primeiro longa de Phillips sobre o vilão da DC Comics. Aquele sim, foi um filmaço. Tecnicamente, é bem parecido ao anterior, com fotografia, cenografia e trilha sonora perfeitos. Phoenix, como sempre, impecável. O elenco de maneira geral, incluindo Lady Gaga, não exige nenhum reparo - embora Brendan Gleeson e Catherine Keener tenham papéis pequenos e sub-aproveitados. 

Mas o que é ruim então?

Soturno e pesado como o primeiro, este novo filme começa a escorregar no ritmo e na narrativa da história depois da meia hora inicial. CORINGA 2 é despedaçado, instável, desequilibrado e irregular. MUITO irregular. Por vezes se torna chato e desinteressante e as músicas cantadas (não a trilha sonora, e sim parte musical) ajudam muito a quebrar a continuidade. 

Aqui precisamos falar sobre musicais. 

Não tenho preconceito contra musicais (nenhum cinéfilo deveria ter), mas sei que a maioria das pessoas não gosta do gênero. Ainda mais as novas gerações. LA LA LAND é um fenômeno, por exemplo, ao ter amealhado em 2016 plateias interessadas pelo mundo inteiro. Eu sempre gostei dos musicais dos anos 40 e 50, e aliás, eles são bem homenageados aqui no CORINGA 2. As versões de músicas de Stevie Wonder, Burt Bacharach, Frank Sinatra e outras originais de Lady Gaga são ótimas. Algumas são muito bem interpretadas por Arthur Fleck (Phoenix) e Lee Quinzel (Gaga), de forma amadora, pois os personagens não são profissionais no canto. Mas, com tudo isso, preciso reconhecer que a música atravanca o roteiro.

Então?

Uma coisa (parte técnica, sublime e caprichada) não conversa com a outra (roteiro, confuso e indeciso) e por isso o filme não é dos melhores - e está dividindo tanta gente. Alguns fãs veneram tanto a primeira história do Coringa de Todd Phillips que não acreditam que essa não possa funcionar. Outros tantos vão ao cinema levados pelo burburinho e pelo marketing da Warner de propagandear "uma grande continuação" - e acabam se frustrando. 

Não haverá consenso em mesa de bar ou em almoço de domingo. Há a turma que odiou e os outros vão defender. Eu esperava mais, mas não é um ESQUADRÃO SUICIDA, por exemplo. Hehehe....

Em tempo: as ilações dos fãs e as explicações de Todd Phillips sobre o final do filme só pioram a situação! Era melhor ter deixado assim como está, na tela... 

Nota 6, em cartaz nos cinemas.

renatomartins@redeatitudepositiva.com.br


Renato Martins, jornalista, radialista, cinéfilo e professor, editor da Rede #AtitudePositiva e criador do projeto mulimídia #CenadeCinema.



  

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