LEITURAS DE DOMINGO: Como é trabalhar e morar na Finlândia, o país mais feliz do mundo

Considerado o país mais feliz do mundo de acordo com o Relatório Mundial da Felicidade da ONU, divulgado em março de 2024, a Finlândia tem pouco mais de 5,5 milhões de pessoas, e sua taxa de natalidade em 2023 foi de 7,8%. Com uma população relativamente pequena e um mercado de trabalho globalizado, o governo local busca atrair trabalhadores estrangeiros para atender a crescente demanda.

“A Finlândia entende que a diversidade cultural pode promover a criatividade, inovação e uma abordagem mais ampla para a resolução de problemas”, explica Alessandra Leone, gerente de talentos da Work in Finland.

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Segundo ela, os brasileiros podem aportar habilidades e competências específicas para o mercado finlandês. “Por exemplo, o Brasil tem uma forte presença no setor de tecnologia da informação e desenvolvimento de software. Essas habilidades podem ser altamente valorizadas em uma economia orientada para a tecnologia, como a finlandesa”, detalha.

Leone comenta que a Finlândia possui uma força de trabalho altamente qualificada e inovadora, resultado de seu sistema educacional de alta qualidade. Por isso, para conseguir uma vaga no país é preciso ter as qualificações e certificações profissionais reconhecidas. “Dependendo da área de atuação, pode ser necessário validar diplomas e qualificações profissionais, especialmente para profissões regulamentadas, como medicina, engenharia, direito etc. Áreas como TI, engenharia, educação e saúde têm alta demanda e ter experiência nessas áreas e em tecnologias específicas pode facilitar a contratação. O domínio do inglês também é muito importante para conseguir uma oportunidade.”

Visto para morar e trabalhar na Finlândia

O governo finlandês implementou políticas para atrair talentos estrangeiros e simplificar a imigração de profissionais qualificados. Para conseguir o visto, é preciso ter um contrato de trabalho, passaporte válido, uma autorização de residência para candidatura de trabalhador assalariado.

Para viver e trabalhar na Finlândia é necessário solicitar uma autorização de residência, que pode ser feita on-line por meio do site Enter Finland. “Existem alguns tipos de permissão para morar no país, o tipo que os funcionários precisarão depende da natureza do trabalho”, explica Leone.

1- O visto de negócios permite que o funcionário permaneça no país por 90 dias, e possa ir em conferências e seminários.

2- O visto de permissão de residência para trabalho autônomo é válido para empreendedores privados, parceiros e membros de uma cooperativa.

3- A permissão de residência com base no emprego (especialista internacional) é a mais comum entre a maioria das empresas e ela deve ser requerida para quem quer morar no país.

4- O cartão azul da UE é aplicado para trabalhadores altamente qualificados, com alto salário e grau de ensino superior de pelo menos três anos.

Em 2022, a Finlândia introduziu o visto D, mais rápido de se conseguir e aplicado para especialistas, startups e seus familiares. Ele permite que trabalhadores entre no país e comecem a trabalhar em 10 dias.


Idiomas necessários para trabalhar na Finlândia

O inglês é amplamente falado no ambiente de trabalho e, na maioria dos casos, suficiente para poder conseguir uma oportunidade, diz Leone. “Cargos, especialmente em tecnologia, engenharia e startups exigem apenas o inglês”, afirma.

O país tem duas línguas oficiais: finlandês e sueco, e elas costumam ser exigidas em funções públicas, áreas reguladas (como saúde) ou que envolvem contato direto com clientes. “Além das línguas oficiais, muitos finlandeses falam inglês e a língua é amplamente ensinada nas escolas.”

O canal Work in Finland, criado pelo governo para atrair talentos internacionais, lista as vagas disponíveis e detalha como se candidatar. No momento em que a reportagem acessou o site, havia 517 vagas disponíveis em diversas áreas.


Custo de vida na Finlândia

O custo de vida na Finlândia varia de acordo com a cidade onde a pessoa mora e seu estilo de vida. A capital da Finlândia, Helsinque, tem o custo de vida mais elevado do país, especialmente em termos de aluguel e serviços, comenta Leone. Cidades menores como Tampere, Oulu e Jyväskylä têm um custo de vida mais acessível, especialmente no que diz respeito ao aluguel e ao transporte.

Segundo ela, o salário médio na Finlândia gira em torno de 2.500 a 4.500 euros brutos por mês, dependendo da profissão e da experiência do trabalhador. Para profissionais com larga experiência e especialidades, como desenvolvedores de software, médicos e engenheiros, os salários podem variar entre 4.000 e 8.000 euros brutos por mês.

“Em cidades menores, um salário líquido de 2.000 a 2.500 euros por mês já pode proporcionar uma boa qualidade de vida, dado que o custo de aluguel e de serviços é mais baixo”, afirma.


Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho

Na Finlândia desde 2015, a brasileira Gabriela Barco, 33 anos, é professora de português para estrangeiros e espanhol. Casada com um finlandês e após três anos vivendo juntos no Brasil, eles decidiram ir para a Finlândia.

Após estudar o finlandês e revalidar seu diploma, Barco passou a buscar empregos na área de ensino de português ou espanhol. “O primeiro local em que trabalhei foi o centro cultural da Embaixada do Brasil (Instituto Guimarães Rosa) ensinando português”, conta. “

“Também dei aulas nos centros de educação para adultos de algumas cidades como Helsinki, Porvoo e Järvenpää. E desde 2018 trabalho na Aalto [universidade, como professora de língua estrangeira].”

Fonte: Valor Econômico e O SUL

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