Quatro hábitos na saúde mental dos jovens que fazem a diferença no humor e no bem-estar

Ansiedade, depressão, déficit de atenção, sono ruim. Problemas antes comuns a adultos estão afetando cada vez mais jovens, adolescentes e até crianças. Como enfrentar essa situação e mudar esse cenário?

É sobre isso que fala a palestra “QUATRO passos para a saúde mental dos jovens”, apresentada por Angélica Banhara na 5ª edição do ConVIDA, Congresso Vida Veda de Medicina Integrativa, disponível gratuitamente no YouTube do Vida Veda. O evento reúne 61 especialistas e profissionais de diversas áreas da saúde para discutir saúde mental. Seguem alguns dados que justificam a preocupação com o tema.

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Ocupa também o 5º lugar em depressão;

Os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25% durante a pandemia, no mundo todo;

Pesquisa recente da Ipsos no Brasil revelou que 45% dos entrevistados mencionaram ter ansiedade, na maioria mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%);

Outro estudo mostrou que, pela primeira vez no país, os registros de ansiedade entre crianças e jovens no Brasil superaram os de adultos. Os dados são da Rede de Atenção Psicossocial do SUS (Sistema Único de Saúde) de 2013 a 2023;

No mundo não é muito diferente: estudo publicado na revista científica Jama Psychiatry revelou que 1 em cada 10 jovens entre 5 e 24 anos vive com pelo menos um transtorno mental diagnosticável. A ansiedade predomina no grupo de 5 a 9 anos, enquanto os transtornos depressivos são mais prevalentes nos grupos de 15 a 24 anos.

Os especialistas relacionam o uso de mídias sociais sem orientação ou conscientização combinado ao longo tempo de exposição às telas (de celular, tablet, computador e televisão) com sintomas depressivos, de ansiedade, estresse e baixa autoestima entre crianças e jovens. Diante desse quadro, o que podemos fazer? Vamos às dicas:

– 1 – Uso consciente das tecnologias: O Brasil é o terceiro país do mundo que passa mais tempo na internet e em redes sociais. Cada brasileiro gasta, em média, nove horas conectado todos os dias. O vício nas telas está no centro das discussões: nos almoços de família, nas salas de aula e entre pais desesperados com filhos abduzidos pelos eletrônicos.

O assunto é tão sério que um grupo de especialistas criou, em 2008, o Instituto Delete, com a proposta de orientar e informar sobre o uso consciente das tecnologias. Trata-se do primeiro núcleo no Brasil especializado em Detox Digital e fica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo o Delete, sete em cada dez pessoas são usuárias abusivas de tecnologia. Três em cada dez apresentam sintomas de dependência patológica e precisam de ajuda profissional. Embora esses dados se refiram a adultos, crianças e jovens espelham o comportamento dos pais.

– 2 – Atividade física regular: Segundo o IBGE, 84% dos jovens brasileiros são sedentários, um número alarmante. Além de todos os benefícios para a saúde física, várias pesquisas comprovam os benefícios da atividade física também para a saúde mental. Exercitar produz endorfinas e outras substâncias que dão sensação de felicidade e bem-estar — é um antídoto contra sintomas depressivos, além de reduzir a ansiedade e o estresse e ajudar a dormir melhor.

Como a regularidade é fundamental para desfrutar dos benefícios da atividade física, praticar esporte é uma ótima opção. Incentive seu filho a participar das aulas de educação física, a entrar no time da escola, a jogar bola com os amigos. O esporte contribui para a integração com os colegas, desenvolve o senso de equipe ensina a aprender a ganhar e perder.

Se ele não gosta desses esporte, ofereça outras possibilidades: aula de natação, dança, artes marciais. Quando você matricula a criança em uma atividade física fica mais fácil manter o exercício na rotina.

Mas é fundamental que os jovens entendam que todo movimento conta: passear com o cachorro, ir a pé para a escola, subir escadas, andar de bike, dançar…

– 3 – Qualidade do sono: Dormir bem é fundamental para a saúde física e mental. Durante o sono acontecem as principais funções de renovação do organismo: reparação de tecidos, recuperação muscular, ativação do sistema imune, produção de hormônios, fixação da memória e até fortalecimento de emoções positivas.

A pandemia interferiu no ritmo do sono, principalmente das crianças e jovens, que passaram a virar a madrugada assistindo a séries, jogando games ou navegando na internet. Precisamos ajudá-los a reorganizar a rotina.

Para dormir direito, temos criar um ambiente acolhedor. E a receita para um sono restaurador têm nome: higiene do sono.

– 4 – Contato com a natureza: A ciência comprova que estar próximo à natureza tem propriedades terapêuticas. Os japoneses sabem disso desde a década de 1980 quando, diante do aumento dos níveis de estresse da população, o governo decidiu incentivar pesquisas científicas sobre os benefícios do contato com a natureza para a saúde.

Desde então, estudos consistentes reconheceram a importância dessa prática como medicina preventiva, uma vez que foi registrado aumento do bem-estar, melhora da imunidade e redução do estresse e da ansiedade.

A saúde mental é o resumo de tudo isso e vale para todas as idades. Aqui, falamos apenas de estilo de vida e comportamento. Os especialistas são unânimes em dizer que dá para melhorar muito a saúde mental adotando hábitos mais saudáveis. Mesmo quando é necessário usar medicação, a adoção de atitudes saudáveis é fundamental. 



Fonte: O GLOBO

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