Um evento no pavilhão voltado a investimentos na Feira de Hannover, nesta segunda-feira (31), marcou a confirmação oficial de que o Brasil será o país parceiro do maior evento de tecnologia industrial do mundo em 2026. Dirigentes de entidades da indústria, do governo federal, diplomatas e executivos de grandes empresas alemãs com operações no Brasil discutiram oportunidades que se abrem com essa vitrine que o País terá no próximo ano.
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Todos os anos a feira escolhe um país parceiro, nação que dispõe de amplos espaços nos pavilhões do evento, com vários estandes para expor suas empresas, além de divulgar oportunidades de negócios e atrair investimentos.
O Canadá, que é o país escolhido em 2025, veio para a feira com mais de 240 indústrias, além de universidades e agências de investimentos de todas as regiões. Além disso, ganhou visibilidade na cerimônia de abertura e teve sua bandeira exibida em todas as peças de divulgação do evento.
O Brasil começa a se preparar para aproveitar essa vitrine internacional para mostrar sua indústria. Na prática, terá um ano e um mês, já que a próxima edição será no fim de abril do próximo ano.
O tema marcou o primeiro dia de atividades da delegação brasileira na feira deste ano. As atividades de Hannover 2025 para o grupo foram abertas com reuniões de apresentação entre os mais de 70 integrantes que estão na Alemanha, seguidas de painéis para debater como o Brasil pode aproveitar essa oportunidade de ser o país parceiro em 2026.
Nos últimos anos, a participação brasileira foi tímida. A empresa gaúcha Novus, de Canoas, é a única que esteve presente todos os anos. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveu a representação institucional da indústria brasileira nesta década. E a gigante catarinense WEG também esteve presente em algumas oportunidades.
De acordo com dados oficiais da organização da Feira de Hannover, em 2025, o Brasil conta com três estandes: um da Novus, outro da Eletrobrás, além de um espaço compartilhado por várias empresas e até universidade no Pavilhão 17. Será um desafio multiplicar essa participação no próximo ano para que o País tenha uma presença robusta.
A título de comparação, para chegar ao número de 240 empresas que o Canadá trouxe em 2025, o Brasil precisaria aumentar em 80 vezes sua participação de um ano para outro.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Atração de Investimentos (Apex-Brasil), Jorge Viana, acredita que seja possível até mesmo superar a marca canadense deste ano. “Não se trata de disputa com o Canadá, mas o Brasil é maior”, afirmou à reportagem. Viana diz que a Apex irá ajudar a financiar o aluguel de espaços na Feira de Hannover – cujo custo é elevado – e vai apoiar empresas, em parceria com entidades da indústria de todo o País, como a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul – a Fiergs, por sinal, tradicionalmente lidera as comitivas brasileiras, e os gaúchos costumam ser maioria nas delegações.
Oportunidade voltada à sustentabilidade
Mais do que quantidade, há uma grande preocupação com a qualidade e a mensagem que o Brasil vai trazer, o que pode ser uma grande oportunidade para alavancar negócios. O embaixador do Brasil na Alemanha, Roberto Jaguaribe, destaca que o País pode se posicionar com uma indústria sustentável, considerando recursos e produção de energia renovável. Pablo Fava, CEO da Siemens Brasil, concorda que o país poderá potencializar suas oportunidades sustentáveis, atraindo novas indústrias.
Veja a lista do país parceiro da Feira de Hannover nas últimas 20 edições
2006 – Índia
2007 – Turquia
2008 – Japão
2009 – Coreia do Sul
2010 – Itália
2011 – França
2012 – China
2013 – Rússia
2014 – Holanda
2015 – Índia
2016 – Estados Unidos
2017 – Polônia
2018 – México
2019 – Suécia
2020 – Sem país parceiro * edição virtual na pandemia
2021 – Indonésia * edição virtual na pandemia
2022 – Portugal
2023 – Indonésia
2024 – Noruega
2025 – Canadá
Fonte: Deutsche Messe
Brasil já foi país parceiro na Feira de Hannover em 1980
A possibilidade de o Brasil ser o país parceiro foi um tema recorrente entre a delegação brasileira na Feira de Hannover nos últimos anos. O tema vinha sendo trabalhado especialmente por industriais, já que permite grande visibilidade a quem é escolhido. Depois de uma articulação de anos de entidades da indústria brasileira, como CNI e Fiergs, agora a tarefa institucional passa ao governo federal, que irá coordenar a participação do Brasil no próximo ano.
Mas 2026 não será a primeira vez que os brasileiros serão homenageados. Criada em 1947, no contexto do fim da Segunda Guerra Mundial, como uma ação de reestruturação da indústria alemã, a Feira de Hannover foi se consolidando e internacionalizando ao longo dos anos.
O espaço destacado para um país parceiro foi criado em 1980 e o Brasil foi a primeira nação a ter essa honraria de exibir a sua indústria. Na época, a feira era mais voltada a equipamentos. Embora também já tivesse um foco em tecnologia, era uma época anterior à difusão da internet e iniciativas voltadas à digitalização como vemos hoje.
Uma curiosidade: de acordo com o Portal da Indústria, da CNI, a participação brasileira na feira da Alemanha em 1980 foi homenageada pela Casa da Moeda com uma série comemorativa de seis moedas e uma medalha de prata.
Fonte: Jornal do Comércio
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