Atividades físicas, alimentação e propósito de vida: confira dicas de como ter uma rotina saudável no dia a dia
Buscar hábitos para ter uma vida longa e saudável é não só um benefício, mas uma necessidade apontada por órgãos e especialistas. Para alcançar esse ideal, é importante adotar práticas que promovam não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio mental e emocional. Por causa da rotina intensa e sobrecarregada, existem alguns entraves para incluir esses objetivos na rotina das pessoas, principalmente aqueles que podem evitar doenças e mortalidade. Médicos e psicólogos ouvidos pela reportagem afirmam, no entanto, que é possível inserir aos poucos atividades que promovem o bem-estar e equilíbrio da saúde física e mental.
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Não esquecer a saúde mental
Tão importante quanto cuidar do corpo e da alimentação é cuidar da mente. Alexander Daudt, médico oncologista e coordenador da equipe da Medicina de Estilo de Vida (MEV) do Hospital Moinhos de Vento, defende a importância de ter um propósito de vida e manter conexões com amigos, familiares e colegas de trabalho. “Isso tudo também constitui uma vida saudável”, afirma. Lembrar de pessoas importantes e buscar ativamente vínculos de qualidade também se traduz em saúde, principalmente a mental, pontua o profissional.
A saúde mental, para o doutor, envolve resiliência, trabalhando a capacidade de aproveitar a vida, de sobreviver às intempéries, aos momentos difíceis, dor, decepção e tristeza, sendo cientificamente comprovado. Ele lembra que em um estudo da Harvard, que tratou de vínculos, pesquisadores acompanham pessoas desde os 18 anos até os 80. “Eles viram que as pessoas que têm e tiveram uma vida boa são as pessoas que também tiveram vínculos de qualidade. A conclusão é essa. Que a vida pode ser boa, pode ser alegre, mas não é fácil”, conclui.
O autoconhecimento e a auto aceitação é um dos principais pilares do bem-estar psicológico, afirma Daudt. “Eu preciso me aceitar, gostar de mim, buscar me desenvolver. Qual é a razão pela qual eu me levanto de manhã? É importante ter propósito. Com isso, eu também vou conseguir ter relações melhores com as pessoas. Eu vou poder ter uma sociabilidade melhor. O meu otimismo vai estar mais presente”, diz o médico, que reforça que otimismo também é um fator comprovado cientificamente. “Melhora, inclusive, um pós-operatório”.
“Está provado que pessoas mais otimistas têm um benefício em relação ao momento da sobrevida, com uma vida mais prolongada e feliz”. Ainda, atividades de expansão e criação também são determinantes para estimular o cérebro e contribuem para a autoestima, atesta o profissional.
Ana Carolina Peuker, psicóloga, lembra que a saúde mental é um dos pilares dessa vida equilibrada. Para a profissional, sem saúde mental, não é possível falar em saúde e qualidade de vida. “Hoje, estamos em um momento de transição importante: os transtornos mentais deixaram de ser um tabu e entraram de vez no debate público. Ainda assim, os desafios são grandes, o aumento de casos de ansiedade, depressão e burnout nos mostra que precisamos ir além da conscientização e estruturar ações mais efetivas, tanto no cuidado individual quanto no coletivo”, afirma.
A profissional trabalha com a Bee Touch, uma startup voltada para pesquisas sobre saúde mental, parte do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), que tem a tecnologia como aliada para ampliar o acesso ao cuidado e gestão de saúde mental. "Buscamos redefinir o cuidado em saúde mental com foco na prevenção. O caminho ainda é longo, mas há um movimento crescente e colaborativo em direção a um novo modelo de cuidado", afirma.
Paula Leite Dutra, médica de cuidados paliativos do Hospital Mãe de Deus, destaca, para a saúde mental, o convívio social, que pode retardar várias doenças como demência. Ter uma vida sociável com atividades físicas consegue também reduzir risco de doenças cardiovasculares e obesidade. Então, reduz a progressão de déficit cognitivo com a socialização, interagir com outras pessoas, sair de casa, é também uma forma de procurar ter uma vida mais mais saudável, uma qualidade de vida melhor.
A espiritualidade também é um fator importante para os profissionais. É diferente da religiosidade, explica Paula. "A espiritualidade tem a ver com teu propósito de vida, o que que é sagrado para ti, e cada pessoa vai ter o seu sagrado diferente, que pode ser relacionado a uma religião, ou não necessariamente".
Pequenos hábitos para adaptar na rotina
Os especialistas defendem que existem maneiras de adequar, mesmo dentro das poucas possibilidades, hábitos que promovem a saúde e bem-estar. Para que eles sejam incluídos na rotina de maneira possivel, a dica dos profissionais ouvidos pela reportagem é de fazer o que pode com o que tem.
Para o professor Rafael Baptista, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, é fazer aquilo que é possível e viável dentro das condições pessoais da rotina. "Se eu só tenho condições de ir na academia pelo menos três ou quatro vezes por semana, ótimo, é isso que eu vou fazer, é melhor do que nada. Também, alguma aula de meditação, mindfulness, tanto melhor, porque além de eu estar cuidando da minha saúde física, também estou cuidando da minha saúde mental", afirma.
Ele lembra que os alimentos ingeridos podem causar reações no corpo, e que estão diretamente relacionados com os pensamentos e emoções, e que podem influenciar na saúde física. "Se além disso eu ainda tenho poder aquisitivo para ir no nutricionista e ter uma dieta balanceada, saudável, melhor ainda. Já estou cuidando também do que eu estou colocando para dentro do meu corpo, porque tudo tem relação com tudo".
“Uma pessoa pode descer duas paradas antes da sua e caminhar. Pode escolher subir um lance de escada. No fim de semana, pode convidar um amigo e dar uma caminhada na praça. A gente pode, obviamente, dentro dos recursos, dentro dos limites, tentar fazer o que nos é possível”, diz.
Em relação à alimentação, Paula lembra da importância de observar o que ingere diariamente. “Devemos pensar: será que estou tendo uma refeição balanceada? Prestar atenção um pouco mais nos alimentos que a gente seleciona para se alimentar já é um início”, afirma.
“Às vezes é difícil começar uma atividade física, mas, nem que seja uns 30 minutos durante o dia, uma pequena caminhada, um exercício físico, seja uma academia, um pilates, algum exercício físico em casa”, diz. “Se a gente consegue colocar na rotina como escovar os dentes, tomar banho e criar um hábito, a gente consegue persistir nesse hábito novo”, complementa.
Um hábito acessível e importante, atesta Daudt, é buscar um tempo regular em contato com a natureza. “A partir de 10 minutos em contato com a natureza, o nosso estresse, nossa pressão, nosso ritmo cardíaco, tudo começa a se acomodar”, ele diz.
Daudt afirma que pequenas podem ser estabelecidas na rotina e que sejam possíveis de cumprir. “Se não como nenhuma verdura, vou começar a colocar duas florzinhas de brócolis no meu prato no jantar de terça-feira. A pessoa está definindo uma quantidade e um tempo. Se vou fazer isso durante um mês, e depois, quem sabe, faço mais alguma coisa”, diz.
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