Achei que eu já tivesse perdido há algum tempo o élan de ir assistir filmes de super-heróis no cinema, preferindo conferir os últimos lançamentos no streaming por puro entretenimento - e sem visão crítica. Mas o recente (e novo) SUPERMAN da DC me tirou de casa. Neste mesmo embalo, conferi o QUARTETO FANTÁSTICO da Marvel.
Conto aqui o que achei dos dois filmes, sem spoilers.
Superman
SUPERMAN 2025 é bem feito e divertido. Homenageia com louvor o longa de 1978, o primeiro da franquia dos quadrinhos da DC a ser levado para o cinema. Até as letras dos créditos lembram o filme de Richard Donner. E James Gunn é um baita diretor de entretenimento: produções como GUARDIÕES DA GALÁXIA assinadas por ele são ótimas. Os efeitos especiais deste novo lançamento são nota 1000.
Dito isso, vamos aos senões, já que faço parte de minoria que "não achou tudo isso".
Os atores não estão bem. David Corenswet passou longe das aulas de interpretação para encarnar o herói.
Rachel Brosnahan, a Lois Lane, está sem sal nenhum.
Nicholas Hoult, que é um bom ator em outros títulos, não consegue imprimir a carga dramática e debochada necessária para um Lex Luthor.
Os pais "terráqueos" de Superman não deslancham dentro da trama, apesar de Pruitt Taylor Vince ser um ótimo ator coadjuvante.
O Lanterna Verde de Nathan Fillion é ridículo.
O ambiente do Planeta Diário é pouquíssimo explorado.
As duas cenas pós-créditos são completamente sem graça e sem brilho.
Nitidamente problemas de roteiro e direção.
O cachorro Krypto garante as melhores cenas e as melhores soluções. Depois dele, Edi Gathegi, o senhor Incrível, é o melhor personagem.
A nova roupagem da trilha original de John Williams, reimaginada aqui por John Murphy, é MUITO BOA. Dá o clima exato em diferentes versões, desde as mais calmas até as mais triunfantes.
(DETALHE EXTRA: Angela Sarafyan, que surge ao lado de Bradley Cooper nas rápidas aparições dos pais biológicos do herói, é tão parecida com Lady Gaga que eu achei que iam cantar "Shlallow Now" na sequência.)
É isso....sei que os fãs adoraram, mas ficou difícil de chegar aos pés dos originais com Christopher Reeve (cujo primeiro filme de 1978, de Richard Donner, foi eleito esta semana pela revista Esquire o melhor filme de super-heróis de todos os tempos....) (Nota 5)
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos
É inconcebível que cinco roteiristas não consigam fazer um trabalho mais robusto, com uma pegada mais tonificada, com ritmo melhor, diálogos, piadas e sequências de ação mais eficientes. A história e seu desenvolvimento, infelizmente, parece ser esmaecida como a concepção e a fotografia nostálgica e envelhecida da estética do filme.
O roteiro é trancado. Melhora somente no terço final. O quarteto é ótimo, mas o resultado fica devendo muito e dá a impressão de que o próximo será melhor. O filme inteiro do diretor Matt Shakman parece ser um prólogo para algo que ainda virá. Como se fosse um episódio piloto de algo muito bom.
Em alguns momentos, me diverti mais em Superman. Até porque James Gunn tem muito mais propriedade para esse lance da pegada.
Mas voltemos à Marvel. O Senhor Fantástico é ótimo quando está atuando como herói: como o professor Reed Richards, é inseguro e hesitante, mas também intelectual e genial. Ao se tornar elástico, pouco faz. Um capitão de time que não faz gol.
Já Vanessa Kirby, por incrível que pareça, dá um show como a Mulher Invisível. Ebon Moss-Bachrach, brilha como o Coisa por causa dos efeitos perfeitos, mas sua presença é discreta (impressionante, daquele jeito!). O melhor em cena é Joseph Quinn, como Tocha Humana, que garante o (pouquíssimo) humor nos diálogos.
Há detalhes interessantes e boas cenas (não muitas). Mas no geral, é mais um longa que não me ganhou. Talvez o geek que havia em mim já tenha se ido. Talvez eu esteja tiozão demais para filmes de heróis. Ou talvez o QUARTETO FANTÁSTICO não seja realmente cinema, e sim apenas mais um produto ultra-processado da Marvel - assim, de forma descarada mesmo.
Cinema de verdade precisa ter conteúdo. Cinema de entretenimento, ainda mais adapatado de quadrinhos tão célebres e renomados, precisam ser divertidos - e com conteúdo. (Nota 5,5)
renatomartins@redeatitudepositiva.com.br |
Renato Martins, jornalista, radialista, cinéfilo e professor, editor da Rede #AtitudePositiva e criador do projeto mulimídia #CenadeCinema.
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