Apesar do Brasil ser um dos países que mais realiza transplantes de órgãos no mundo, a formação de profissionais da saúde sobre o tema ainda é falha e insuficiente. Para enfrentar esse paradoxo, foi lançado nesta semana o Movimento Nacional pela Curricularização dos Conteúdos sobre Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos nos Cursos da Saúde, na sede da Fundação Ecarta, em Porto Alegre.
Venilton Kuschler/ Agência de Notícias do Paraná |
A iniciativa é da Fundação Ecarta, por meio do projeto Cultura Doadora, em parceria com o Coletivo de Ligas Acadêmicas de Transplantes do RS, e articula estudantes, professores, profissionais de saúde, instituições e sociedade civil para pressionar pela inclusão obrigatória do tema nos currículos dos cursos de Medicina, Enfermagem e áreas afins.
O evento é aberto ao público e contará com estudantes, docentes, especialistas, transplantados e representantes de várias instituições com participações online de dirigentes nacionais, como a presidenta do Sistema Nacional de Transplantes, Patrícia Freire, a presidenta da Sociedade Brasileira de Queimaduras, Kelly de Araújo, entre outros.
Brasil é um dos países que mais realiza transplantes de órgãos no mundo, mas a formação de profissionais da saúde sobre o tema ainda é falha e insuficiente
Mais de 80 mil aguardam por um transplante
“Muitos profissionais se formam sem conhecer os protocolos, a legislação e a complexidade do processo de doação e transplante. Isso compromete diretamente a ampliação das doações”, afirma Marcos Fuhr, presidente da Fundação Ecarta.
A frente surge como desdobramento do projeto + Doação e Transplante nos Currículos da Saúde, desenvolvido pelo Cultura Doadora, que desde 2021 atua junto a instituições de ensino para corrigir essa lacuna formativa.
A demanda pela inclusão dos transplantes nos currículos ganhou força após um encontro com representantes de ligas acadêmicas de sete universidades gaúchas em maio, que confirmaram a ausência quase total do tema na formação acadêmica e sugeriram a constituição de uma frente para reverter esse cenário.
“A intenção é que as instituições possam inserir esse conteúdo de alguma forma como disciplinas eletivas, obrigatórias, extensão, seminários, aulas-magnas. Nosso movimento é para levar o tema pra dentro dos cursos”, completa a estudante Maria Antônia Saldanha, integrante da Liga de Medicina da PUCRS.
Hoje, no RS, apenas quatro universidades oferecem disciplinas específicas sobre transplantes (Ufrgs, Ufcspa, Furg e Ufpel). Enquanto isso, mais de 80 mil pessoas aguardam por um órgão no país, e cerca de 40% das famílias recusam a doação, muitas vezes por despreparo na abordagem profissional.
Para as lideranças da ligas da Unisinos (Latos), da Ufrgs (Litros); da Ulbra (Latran), da UFCSPA (LigaTX), da PUC (Latos), da Univates (Latot) e a Lidot, da Federal de Pelotas a expectativa é que a campanha tenha alcance nacional e pressione conselhos profissionais, gestores públicos e universidades a agir.
“Muitas áreas do transplante são aventuras de pessoas que se esforçam muito para que isso exista. Trazer a discussão ampla para faculdades e universidades é trazer para o domínio da comunidade. O transplante é uma forma de tratamento que só existe com o envolvimento da sociedade”, ressalta Spencer Camargo, transplantador e professor da Unisinos.
Mais informações: www.ecarta.org.br
Fonte: EC e Redação AP
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