Vilson Tadei, empresário de Boqueirão do Leão, no Vale do Taquari, fez uma aposta no Acampamento Farroupilha de Porto Alegre, e, em 2025, ao contrário do que ocorria desde 2022, em que a permanência foi esporádica, permanecerá no Parque Harmonia o ano todo. Mas, durante o evento tradicionalista, viu aumentar o movimento de pessoas em busca de itens próprios da época, como pilchas, indumentárias, bombachas, objetos para churrasco, entre outros. Inclusive, para listar alguns exemplos, turistas da Irlanda, China, Japão e Cazaquistão visitaram a loja de Tadei nesta semana, e fizeram compras diversas.
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“Também é um desafio para nós, porque o cliente vai até a peça que procura e a gente vai tentando se entender”, disse ele. Os irlandeses levaram para casa tábuas e facas, enquanto os cazaques preferiram uma cuia, “para sentir o gosto do chimarrão”, acrescentou o empresário. A abertura no Parque Harmonia faz parte de um processo de expansão, já que a loja do Vale do Taquari vai permanecer, além de um ônibus itinerante em rodeios e eventos tradicionalistas, e ainda uma segunda loja móvel está a caminho.
Este não é um movimento isolado. Segundo o presidente da Federação das Câmaras de Comércio e de Serviços do Rio Grande do Sul (FCCS-RS), Vitor Augusto Koch, há um crescimento neste período do ano da movimentação de consumidores em estabelecimentos comerciais que atuam com produtos tradicionais do Estado, assim como segmentos que atuam com produtos típicos, alimentos, bebidas e que promovem eventos sociais ligados à cultura e tradições gaúchas.
Comercialização de artigos gauchescos
“Desde 2024 também é possível verificar que a população está valorizando empresas e marcas gaúchas, reforçando aquele sentimento de fortalecer o que é produzido aqui no Estado”, disse Koch, acrescentando o diferencial do RS em relação às demais unidades federativas do país, nas celebrações da Revolução Farroupilha.
Embora não prevendo números, a FCCS-RS afirma que diversos comerciantes preveem vendas mais expressivas na comparação com o ano passado. Já o Sindilojas Porto Alegre afirma que o ticket médio gasto com acessórios tradicionais deve ficar em R$ 325,00 neste ano, com a bombacha sendo o produto mais procurado, com 27,8% das compras. Em seguida, aparecem a camisa polo, com 16,7%, e a alpargata, com 11,1%.
Ganha-Ganha Farroupilha é diferencial de 2025
Em recente sondagem da entidade, 50% dos lojistas disseram que devem vender mais em 2025 do que no ano passado, e 30% afirmaram que as vendas deverão se manter iguais. “A tradição ajuda, já que mexe com o sentimento das pessoas. É necessário cuidar da apresentação dos produtos específicos ligados ao tradicionalismo gaúcho na vitrine das lojas e ter atenção à qualidade no atendimento e cordialidade com o cliente”, disse o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Arcione Piva.
Neste ano, o governo do Estado ainda lançou a Campanha Ganha-Ganha Farroupilha, para promover a economia gaúcha em um mês considerado de baixo desempenho pelo comércio. Entre as ações, ocorrem sorteios em dinheiro para o consumidor, mediante identificação com CPF na nota fiscal, além de orientações para os lojistas. Um estudo da Universidade Feevale, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), mostrou que o tradicionalismo tem grande impacto na economia, tendo movimentado R$ 4,5 bilhões no RS em 2023.
Carvão para churrasco também vende bastante
O mês de setembro é o segundo período do ano em que mais se consome carvão vegetal no Rio Grande do Sul. O aumento médio nas vendas chega a 30%, impulsionado pelas comemorações da Semana Farroupilha, quando o churrasco é tradição nos piquetes do Acampamento Farroupilha e em encontros em todo o estado.
No parque Harmonia, em Porto Alegre, os assadores trabalham em ritmo intenso.
“Todo dia churrascada, da manhã à noite, até dia 21. Em média, são 25 a 30 costelões por dia. Já assamos mais de meia tonelada de carne”, contou o assador William San Martin.
Segundo o assador, o consumo de carvão também impressiona.
“A gente usa, em média, uns 8 a 9 sacos de carvão grande por dia. Mas isso depende do vento, né? Tem dias que tem mais vento, acaba consumindo um pouco mais. O carvão faz a brasa e a lenha a gente deixa pra defumar, pra dar o gostinho do nosso churrasco”, explicou.
Entre os participantes, o estoque precisa ser reforçado constantemente:
“Quem assa o churrasco é o fogo. A gente só vira espeto. E nunca há o carvão que chega. Por mais que faça as contas, sempre vai faltar”, disse o administrador Bernardo Viterbo.
A demanda maior movimenta as empresas de Brochier, no Vale do Caí, considerada a capital do carvão vegetal. O município concentra 22 indústrias do setor. Só uma delas empacota em média 400 toneladas por mês.
Fonte: Correio do Povo e G1
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