Um projeto pioneiro no Brasil vem comprovando que é possível matar um tipo de planta invasora de áreas de vegetação nativa sem o uso de qualquer produto químico, proporcionando, inclusive, o rebrotamento das espécies atingidas pela praga. Conduzido pela doutoranda em Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lua Dallagnol Cezimbra, o estudo está em andamento no Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, unidade de conservação pertencente à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), em Viamão.
| Lauro Alves/Divulgação |
A pesquisadora do Laboratório de Estudos da Vegetação Campestre (LEVCamp/UFRGS) acompanha no terreno, desde 2019, o desenvolvimento da planta Urochloa eminii, espécie que prolifera no local e prejudica a vegetação nativa, fundamental para a preservação dos animais silvestres que habitam o banhado. De acordo com Lua, o diagnóstico do problema foi iniciado ainda em seu Trabalho de Conclusão do curso de Ciências Biológicas, tendo prosseguimento no mestrado e, agora, no doutorado.
O método consiste em dimensionar a área infestada pelo capim braquiária (nome popular da Urochloa eminii) e cobrir as plantas com lonas, em períodos de pouca incidência de chuva e altas temperaturas. A aplicação das lonas (que podem ter a espessura de 150 micras ou as utilizadas em caminhões, que podem chegar até a 700 micras) é feita num período inicial de 30 dias, e depois em dois ou três tempos de em média 10 dias, com intervalos controlados, utilizando somente o calor proporcionado pela cobertura como fator de extermínio. "O que nós comprovamos até aqui é que o calor elimina a planta invasora sem danificar o solo, o que faz com que as vegetações nativas voltem a nascer", comemora ela.
A descoberta está permitindo a recuperação botânica da área e, segundo a pesquisadora tem potencial para ser aplicada no manejo de plantas invasoras que se apresentam em cultivos agrícolas.
"Não testamos em cultivos agrícolas, mas acreditamos que pode ser usado, por exemplo, em preparo para plantios orgânicos, onde o produtor rural não quer usar agroquímicos", destaca.
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