Prestes a completar 400 anos das Missões Jesuíticas Guaranis, em 2026, finalmente, como define o coordenador do Grande Projeto Missões, Álvaro Medeiros Theisen, há a oportunidade de tirar do papel investimentos concretos que transformem em realidade um eterno grande potencial turístico no Rio Grande do Sul. É a chance de fazer deslanchar as Missões como um grande destino em solo gaúcho.
| Álvaro Medeiros Theisen/DIvulgação |
Já foram anunciados e assinados os primeiros 16 convênios entre o governo do Estado e prefeituras locais, com R$ 50 milhões para executar as primeiras estruturas turísticas que rememoram as 30 reduções jesuíticas. Serão atrativos para os visitantes conhecerem a cultura da região. A relevância do aporte para a região pode ser medida com a seguinte comparação: o pacote de investimentos é superior ao orçamento anual de 20 dos 27 municípios da região. A perspectiva é de que novos investimentos sejam confirmados ainda neste ano.
A expectativa é de que, em meados de 2026, estarão prontos alguns desses projetos, que incluem um espetáculo inovador nas ruínas da igreja de São Miguel das Missões e na igreja de Santo Ângelo, centros de interpretação das reduções jesuíticas e parques que colocarão os visitantes dentro do cenário de 400 anos atrás.
"Hoje a região recebe em média 80 mil turistas por ano, mas são na maioria estudantes, com permanência média de quatro horas e tíquete médio reduzido. Agora, esse cenário tende a mudar. Nunca as Missões tiveram tanto investimento direto, temos que ser competentes. Primeiro, para executar o aporte que já está garantido, e depois, possivelmente com parcerias privadas, na gestão desses espaços turísticos. É possível projetar, sim, chegarmos a 1 milhão de turistas por ano daqui a 10 anos, com elevação do tempo de permanência nas atrações da região para 30 horas, como acreditávamos quando iniciamos o Grande Projeto Missões", comenta Theisen.
Isso porque os recursos anunciados para turismo e cultura vêm acompanhados de aportes em infraestrutura. Os aeroportos de Santo Ângelo e Santa Rosa estão no radar dos investidores, além dos projetos para novas pontes internacionais entre o Rio Grande do Sul e a Argentina ao longo das Missões e Fronteira Noroeste. Ao chegarem a Porto Xavier, por exemplo, esses futuros turistas estrangeiros encontrarão o Parque Missioneiro e o novo pórtico, com esculturas temáticas e um monumento valorizando o peixe dourado, que é atração no Rio Uruguai.
"A realidade é que ninguém investe em um lugar que é um eterno potencial. Nos últimos meses, porém, temos trabalhado junto aos municípios para que qualifiquem as instalações turísticas já existentes e, pelo que temos observado, está aumentando o interesse de hotéis e restaurantes para se instalarem nas Missões", aponta o coordenador do projeto que foi o embrião dos atuais investimentos na região.
Hoje, conforme o Observatório do Turismo do RS, entre os municípios da macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico, 9 figuram entre os 50 municípios gaúchos com maior número de estabelecimentos turísticos. Nas Missões, porém, somente Santo Ângelo figura. É o 47º no Rio Grande do Sul, com 19 estabelecimentos turísticos. Entre eles, quatro hotéis e um restaurante.
Metade dos convênios firmados já teve licitações lançadas. Entre os projetos em fase adiantada para se tornarem realidade está o espetáculo de projeção mapeada em São Miguel das Missões e Santo Ângelo. "É espetáculo padrão Disney, apresentado diariamente e com equipamentos dos mais modernos. Assim como acontece no Natal Luz, em Gramado, a ideia é que as pessoas durmam nas cidades para acompanharem o espetáculo do dia seguinte", diz Álvaro Theisen.
São previstas projeções em 3D. Na fachada da Catedral Metropolitana de Santo Ângelo, por exemplo, os anjinhos típicos da arte missioneira sairão da parede para interagir com os personagens dessa história que será contada, com a interação dos visitantes. Em São Miguel, também em 3D, é mostrado o dia a dia de uma redução jesuítica.
Também em São Miguel das Missões, deverá tomar forma o Parque Mundo Missioneiro. Em um terreno de 60 mil metros quadrados, a menos de 1 quilômetro das ruínas da redução de São Miguel, os turistas vão caminhar sobre a história das 30 reduções, com os rios, currais de gado, estâncias, ervais e as batalhas da Guerra Guaranítica, semelhante ao que acontece no Mini Mundo, na Serra. A área ainda é analisada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) antes da liberação para a execução do projeto, que tem investimento previsto de R$ 7,5 milhões.
No mesmo município, há investimentos previstos para a integração socioprodutiva com a aldeia da comunidade Guarani, que resiste na região.
Ao longo do trajeto das Missões, estão previstos ainda os centros de interpretação em Bossoroca, São Pedro do Sul, Caibaté e São Francisco de Assis, que são espécies de museus sem acervos, com vídeos e painéis. O projeto de Bossoroca deve ser o primeiro entregue.
Estrutura do turismo na região
- Passo Fundo: 11 hotéis e pousadas; 8 restaurantes (12º no RS)
- Ametista do Sul: 8 hotéis e pousadas; 5 restaurantes (17º no RS)
- Erechim: 6 hotéis; 8 restaurantes (18º no RS)
- Frederico Westphalen: 4 hotéis; 9 restaurantes (23º no RS)
- Ijuí: 7 hotéis; 5 restaurantes (30º no RS)
- Planalto: 8 hotéis e pousadas; 3 restaurantes (32º no RS)
- Santa Rosa: 6 hotéis e pousadas; 1 restaurante (41º no RS)
- Iraí: 3 hotéis; 4 restaurantes (44º no RS)
- Santo Ângelo: 4 hotéis 1 restaurante (47º no RS)
(FONTE: Observatório do Turismo do RS)
- Missões Jesuíticas Guaranis
- Rota das Águas e Pedras Preciosas
- Salto do Yucumã
- Memória da Agricultura
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