Dezessete pesquisadores que atuam no Brasil estão entre os mais citados em artigos científicos no mundo, segundo lista divulgada neste mês pela plataforma Clarivate. No ano passado, havia 16.
A Clarivate, empresa americana que oferece serviços voltados à análise de pesquisas acadêmicas e científicas, faz a relação anualmente desde 2014. O trabalho inclui os pesquisadores que se destacaram em áreas como agronomia, biologia, ciência da computação, engenharia, física, medicina, matemática e psicologia.
| Rohde e Barrios são os gaúchos na lista - Reprodução |
O período analisado é sempre o dos 11 anos anteriores ao ano-corrente, ou seja, a lista de 2025 abrange o intervalo de 2014 a 2024.
Só são avaliados artigos que sigam as diretrizes de Indicadores Essenciais Científicos (ESI, na sigla em inglês), ou seja, que tenham sido publicados em periódicos indexados na plataforma Web of Science, a exemplo das tradicionais Nature e Science, e que tenham indicadores bibliométricos de impacto.
O Rio Grande do Sul é representado por dois nomes, ambos na área médica: Luis Augusto Rohde, UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Carlos Barrios, PUC-RS (fotos acima).
No processo de criação da lista, uma versão preliminar reúne os nomes com maior número de citação por área (incluídos no top 1%) e também as chamadas linhas de corte por subáreas (para tentar normalizar as citações por área). Essa normalização permite comparar o desempenho daqueles que atuam em mais de uma subárea (multidisciplinares). Também são incluídos pesquisadores que tenham um artigo a menos do que a linha de corte por área, mas cujos artigos estejam no top 50% de maiores citações.
A lista é constituída exclusivamente com base em citações bibliográficas e, portanto, é limitada em relação a outros fatores de relevância e mérito científico.
O biólogo Mauro Galetti, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) figura na lista desde 2019 entre os mais citados. Ele é autor do livro "Um Naturalista no Antropoceno", que venceu o prêmio Jabuti Acadêmico em 2024, e é coordenador no Centro de Pesquisa da Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima). Nas últimas duas décadas, sua pesquisa vem demonstrando os efeitos da mudança climática na perda da biodiversidade.
Para ele, estar na lista é um reconhecimento da totalidade do seu trabalho acadêmico. "O público tem a ideia de ‘eureca’, isto é, quando o cientista isolado no seu laboratório faz uma grande descoberta. Mas um dos meus artigos mais citados levou mais de cinco anos para ser escrito, já com os dados. É um tijolinho de cada vez, com muitos testes, apresentação em congressos, volta para os dados, até chegar no resultado final, que ainda pode ser reanalisado lá na frente."
Considerando os autores mais citados com atuação no Brasil, 4 de 17 são da área de ecologia e meio ambiente, o que reforça a participação brasileira nesse tema globalmente. "O crescimento do Brasil na lista nos últimos anos reflete como estudos nessa área vêm ganhando destaque internacional, com solicitação para palestras no exterior e colaboração com colegas de diferentes áreas", afirma Galetti.
Na lista deste ano, foram incluídas 7.131 autorias ou instituições, representando 6.868 indivíduos —alguns têm colaborações em diferentes áreas, por isso aparecem mais de uma vez.
Os Estados Unidos lideram com o maior número de pesquisadores entre os mais citados (2.670), o que equivale a mais de um terço do total (37,4%), seguidos por China (1.406), Reino Unido (570) e Alemanha (363).
A participação brasileira vem crescendo nos últimos anos, passando de 5 em 2014 para 17 na última década.
No caso do Brasil, na lista deste ano há 11 nomes de instituições do estado de São Paulo no ranking, sendo a maioria (7) da USP (Universidade de São Paulo):
- Carlos Augusto Monteiro, Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde)/USP;
- Eurídice Martinez Steele, Nupens/USP;
- Geoffrey Cannon, Nupens/USP;
- Maria Laura da Costa Louzada, Nupens/USP;
- Renata Bertazzi Levy, Nupens/USP;
- Fernanda Rauber, Nupens/USP;
- Pedro Henrique Santin Brancalion, Esalq-USP;
- Mauro Galetti, Unesp;
- Giselda Durigan, IPA (Instituto de Pesquisas Ambientais);
- Ednan Joanni, CTI Renato Archer (Centro de Informação de Tecnologia Renato Archer);
- José Marengo, Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
O Rio Grande do Sul é representado por dois nomes, ambos na área médica: Luis Augusto Rohde, UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Carlos Barrios, PUC-RS (fotos acima).
Neste ano, há também estreia de uma universidade do Nordeste entre os autores mais citados, com o matemático Claudianor Alves, professor titular da UFGC (Universidade Federal de Campina Grande), na Paraíba: Claudianor Oliveira Alves, UFCG.
Participação feminina
Outro destaque são as pesquisadoras brasileiras, que eram três na lista do ano anterior e, agora, são cinco.
A engenheira florestal Giselda Durigan, do IPA, aparece pela quinta vez no ranking. "Eu me sinto feliz, porque é um reconhecimento inquestionável. Me sinto gratificada pela dedicação que eu tive à ciência a vida inteira."
A pesquisadora, que é também membro do Comitê de Assessoramento em Ecologia e Limnologia do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e bolsista de produtividade 1A do órgão, reforça como foi essencial quebrar barreiras em uma área cuja proporção de homens e mulheres era de três para uma. "É inegável que existe um gargalo, após o doutorado, tem um gargalo [de mulheres na ciência] que eu não encontro outra explicação que não seja social."
Em termos da representatividade paulista no ranking, Galetti destaca a atuação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) nas políticas de incentivo à pesquisa. "A Fapesp tem um papel fundamental porque vários dos cientistas incluídos foram financiados pelo órgão, que deve ser levado como exemplo aos demais estados. Isso mostra que investimento público em pesquisa funciona, e não é simplesmente atrair pesquisadores, mas criar instituições locais e com uma visão de colaboração acadêmica muito forte."
Fonte: Folha de SP
Siga também nossas redes sociais (clique para acessar):
Fonte: Folha de SP
Quer boas notícias todos os dias? E também receber conteúdo de qualidade com o nosso jornalismo de soluções? E ainda, estar atualizado com informações de serviço que ajudam na sua vida, saúde, comportamento e até mesmo sua vida financeira?
Confira aqui neste site a atualização diária do nosso conteúdo. Coloque o link nos seus favoritos e divulgue para os amigos nossas notícias positivas!
E inscreva-se também no Canal de YouTube do nosso editor, o Canal do Renato Martins.
Comentários