O Conselho Universitário (Consun) da UFRGS aprovou a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao rapper, cantor e compositor Leandro Roque de Oliveira, conhecido artisticamente como Emicida. A decisão reconhece que o trabalho e a trajetória do artista ultrapassam o campo da música, configurando-se como um projeto intelectual, educativo e de impacto social, especialmente relevante para a juventude negra e periférica. O Parecer n. 248/2025 do Consun destacou ainda a obra de Emicida como expressão de uma pedagogia contemporânea, que inspira o debate público sobre a luta antirracista na Universidade e se consolida como referência de pesquisa acadêmica em diferentes áreas do conhecimento.
| Site Emicida/Reprodução |
A proposta foi elaborada pelo Coletivo de Estudantes Negros da Pedagogia (Cenp), em parceria com o projeto UFRGS Negra, Movimento Negro Unificado (MNU) no Rio Grande do Sul e o Diretório Central de Estudantes (DCE), sendo encaminhada ao Consun pela Faculdade de Educação (Faced). No Parecer 248 ressaltam-se a potência transformadora da cultura hip-hop, a legitimidade dos saberes produzidos na diáspora africana no Brasil e o papel fundamental da juventude negra e periférica na construção de um país mais justo. A cerimônia de entrega do título está prevista para o final da tarde do sábado, 29 de novembro, em sessão solene do Conselho Universitário com transmissão pela UFRGS TV. Informações sobre a distribuição de ingressos serão divulgadas em breve.
O parecer também apresenta um panorama da trajetória de Leandro Roque de Oliveira (Emicida), nascido em 17 de agosto de 1985, filho de Jacira Roque de Oliveira, conhecida como Dona Jacira. Crescido em uma família de baixa renda, o artista começou a escrever rimas ainda na adolescência. Em 2006, venceu a primeira edição da Batalha do Santa Cruz, tradicional evento do hip-hop paulistano, que revelou diversos MCs. Foi ali que recebeu o nome artístico Emicida – uma junção entre “MC” e o sufixo “cida”, um neologismo que simboliza o poder da palavra como arma de transformação e resistência.
"Obra de Emicida é expressão de uma pedagogia contemporânea, inspiradora do debate sobre a luta antirracista na Universidade", diz a notícia sobre a concessão do título, publicada no site da UFRGS.
De acordo com o documento aprovado pelo Consun, dezenas de pesquisas acadêmicas (entre teses, dissertações e trabalhos de conclusão de curso) têm Emicida e sua produção poética como objeto de estudo. Na própria UFRGS, a cultura hip-hop é tema recorrente em ações de ensino, pesquisa e extensão, com diversos trabalhos de graduação dedicados à obra do músico.
Em 2023, por exemplo, no Bacharelado em História (IFCH/UFRGS), foi apresentado um trabalho de conclusão intitulado “Tudo que nóiz tem é nóiz: rap como construção de identidade coletiva negra em Amarelo, de Emicida”, reforçando o reconhecimento de suas criações artísticas como campo fértil de reflexão sobre identidade, cultura e educação.
Fonte: UFRGS
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