Um dos símbolos da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024, o Cavalo Caramelo, se tornará um monumento no Vale do Taquari. Com quatro metros de altura, a obra ficará às margens da BR-386, em Estrela, e será doada pelo escultor pernambucano Ranilson Viana.
Veja os detalhes neste post e uma entrevista com o artista.
| Página caramelo.oficial - Divulgação |
O monumento deve instalado próximo à futura sede da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), entidade que recebeu o anúncio oficial durante a assembleia em Arroio do Meio. O prefeito de Sério e presidente que encerra a gestão da entidade, Moisés de Freitas, revelou que o escultor pernambucano doará a escultura para região.
Segundo Freitas, o artista procurou a entidade após conversas feitas nos últimos meses e expressou o desejo de presentear a região com uma peça que representasse a força, a resistência e a união dos municípios gaúchos afetados pelas enchentes.
A história do Caramelo
O Cavalo Caramelo tornou-se conhecido em todo o país após permanecer por dias sobre o telhado de uma casa alagada, em Canoas, à espera de resgate durante a maior tragédia climática da história do RS. A imagem do animal, amplamente difundida na imprensa nacional, internacional e nas redes sociais, transformou-se em símbolo de resiliência.
“Quando conversamos, ele me disse: ‘Prefeito, eu quero doar algo para o Vale do Taquari. Uma escultura do Cavalo Caramelo, de quatro metros, para ficar perto da futura sede da Amvat’. Ele insistiu que fosse anunciado aos prefeitos nesta reunião porque seria um presente ao Vale”, relatou Moisés durante a assembleia.
O cavalo após ser socorrido, ficando sobre o telhado de residências, recebeu várias homenagens, inclusive na Expointer, em Esteio.
O escultor ganhou destaque nacional após a construção de uma estátua de Nossa Senhora de Fátima de 54 metros em Crato (CE). Ele conversou com a coluna sobre a obra do símbolo gaúcho.
Veja a entrevista com o artista logo abaixo.
| Escultor pernambucano Ranilson Viana - Instagram / Reprodução |
De onde veio a ideia de produzir uma escultura do Cavalo Caramelo?
Primeiramente, acho que todos nós que temos coração ficamos muito chocados com a situação que aconteceu aí na região. E eu queria realmente ajudar, de alguma maneira, naquele momento. Aconteceu a situação do Cavalo Caramelo, e me chamou muita atenção a resistência e a luta. Acredito que todos nós aprendemos um pouco com ele. Então, fiquei com vontade de fazer a representação dele, para que as pessoas que estejam num momento difícil, mas que passem por essa escultura, olhem para ela como uma esperança. Porque ele não desistiu no momento mais difícil da vida dele. Acredito que o Cavalo Caramelo não é só um exemplo para a região do Sul, mas também para todo o Brasil e o mundo. Ele é uma referência em esperança. Eu estava com muita vontade de entrar em contato com alguém, mas não sabia com quem. Foi quando fiz uma visita aí. E, quando cheguei, foi que vi realmente, senti de perto o desastre que foi, mas também a união de todos vocês, dos municípios, que estão reconstruindo a cidade. Então, falei com ele (ex-presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari, Moisés de Freitas) que eu queria realmente homenagear o Cavalo Caramelo com uma escultura, e que fosse com quatro metros, para colocar uma simbologia dos quatro dias que ele passou ali com resistência.
Como foi esse contato com os prefeitos do Vale do Taquari?
Quando fiz a visita na região, falei para o prefeito que conversasse com o pessoal, já que eu tinha esse desejo. Então, foi uma ida minha aí na região, em que comuniquei a eles esse desejo de fazer essa homenagem a esse símbolo de resistência, não só para vocês, como para todo mundo.
Você é conhecido por grandes esculturas. A do Cavalo Caramelo terá algum diferencial? Como ela será?
Eu comecei a minha vida como escultor retratando pessoas, sou especialista em retratação. Então, vou agora em janeiro (de 2026) e quero fazer uma visita ao cavalo, quero ter essa oportunidade de retratá-lo e fazer uma cópia fiel dele, mas numa altura de 4 metros. Vamos retratar o telhado, aquela imagem que foi divulgada para o Brasil e o mundo.
Como é que funciona o processo de criação? Como será transportado?
Pelos cálculos que já fiz, vamos levá-lo em duas partes para transitar na BR-101. Vamos ver se conseguimos separar o telhado das pernas e levá-lo quase 100% modelado, por causa da altura. Vamos pedir uma autorização ao DNIT para transitar e ver se teremos condições de levá-lo inteiro. Se tivermos condições, se tivermos permissão para levá-lo com 4 metros de altura, vamos levá-lo inteiro. Se não, vamos levá-lo com 3 metros e meio, separando só a parte das pernas. Chegando lá no local, fazemos o acabamento e os retoques.
São quantos dias de viagem em todo esse processo?
Pelos cálculos que fiz aqui, saindo da minha cidade, serão em média de 3 a 4 dias para chegar aí. Fico em Petrolina, Pernambuco, nosso ateliê principal fica aqui.
E tem um prazo para produzir toda essa escultura?
Depois da análise, de fazer todo o estudo, as imagens e ter esse contato, acredito muito que nós vamos conseguir em cinco meses.
Você falou muito sobre a questão de oferecer uma homenagem à população gaúcha, mas para você, como fica a realização pessoal de fazer uma obra dessa?
Para mim é uma emoção muito grande, até porque eu, para quem sabe da minha vida, para quem conhece a minha história, sabe que minha vida foi sempre de muita luta, de muita resistência. Lutei porque perdi minha mãe logo muito cedo, fui criado pelos meus avós, fui criado na labuta, como dizem aqui os nordestinos. Depois, fui trabalhar na agricultura, mas sempre desenhei e pintei, fazia pintura inteira. Só depois fui para esse mundo do 3D, do tridimensional. Então, a resistência dessas imagens, a resistência do próprio Cavalo Caramelo só nos fortalece a acreditar que nós temos esperança também naqueles momentos muito difíceis. Aquele símbolo, aquela imagem é importante, deve ser retratada com muito carinho e amor, e é isso que eu quero fazer: deixar esse símbolo aí para que qualquer pessoa que passe perto dessa imagem sinta o que eu senti nas imagens que vi divulgadas pela televisão.
Fonte: GZH e Planalto News
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