Em meio à pandemia, Brasil ganha dois novos roteiros de trens turísticos

A pandemia da Covid-19 chegou a interromper totalmente o transporte ferroviário de passageiros de longa distância ou em rotas turísticas, mas não impediu o surgimento de dois novos roteiros, em São Paulo e no Paraná.

Nos últimos seis meses, surgiram o Trem Caiçara, que opera o trecho entre Morretes e Antonina, no Paraná, e o Trem Republicano, entre Salto e Itu, no interior de São Paulo.

O primeiro é operado pela regional sul da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), enquanto o segundo foi concedido à iniciativa privada e é mantido pela Serra Verde Express.

No Paraná, a rota ferroviária entre as duas cidades, batizada de Trem Caiçara, foi inaugurada em novembro, tracionada por uma locomotiva fabricada em 1884, uma das mais antigas em operação no país.

Trem Caiçara / Divulgação

O trem percorre um trajeto de 16 quilômetros em meio a áreas de mata atlântica e manguezais, com capacidade operacional de transportar quatro carros de passageiros.

Já o Trem Republicano começou a operar em 19 de dezembro entre as cidades turísticas de Itu e Salto, no interior de São Paulo. O trecho tem 7,6 quilômetros de extensão e corta rio e áreas verdes.

"Em relação aos roteiros, o saldo [de 2020] foi muito positivo, com os dois novos trens, além de outros esporádicos no Sul. Financeiramente, porém, foi uma tragédia, tivemos uma perda absurda por conta da pandemia", afirmou o presidente da ABPF, Bruno Crivelari Sanches.

Apesar das dificuldades financeiras, a ABPF conseguiu iniciar obras em Cruzeiro, para a recuperação de 25 quilômetros de trilhos, até a divisa com Minas Gerais -os trabalhos estão concentrados na área urbana da cidade paulista.

"Mesmo após a paralisação em 2020 por conta da pandemia, mantivemos a recuperação do trecho. Não no ritmo que gostaríamos, mas foi tudo mantido. E ainda conseguimos resgatar as locomotivas elétricas, o que foi uma grande vitória."

Sanches se refere às três antigas locomotivas que estavam no pátio da Luz, na capital, e foram levadas em setembro para Cruzeiro, onde serão preservadas.

O transporte foi feito por meio dos próprios trilhos e foram necessários quatro dias de viagem, com paradas em Itaquaquecetuba, São José dos Campos e Roseira, até chegar a Cruzeiro, distante 219 quilômetros.

A recuperação do trecho entre Cruzeiro e a divisa com Minas Gerais é uma obra cara. Só de dormentes, são necessários 38 mil, o que representa um investimento de ao menos R$ 11 milhões. Com outros custos envolvidos, o valor chega a R$ 15 milhões.

"O desafio é fazer a troca de todos os dormentes, recuperar lastros, revisão de passagem e sinalização, entre outras coisas menores."

Se tudo seguir como o previsto, a intenção é chegar ao final do ano até a estação Rufino de Almeida, o que significará seis quilômetros de obras. Será o equivalente a 24% do total, o que pode parecer pouco, mas é um trecho muito complexo, por estar dentro da cidade.

"Depois, seriam mais dois anos para concluir a serra. A ideia é ser o mais rápido possível, porque quanto mais demora mais caro fica."

Em São Paulo, a ABPF já opera o trem entre Campinas e Jaguariúna, o Trem de Guararema e o trem da Mooca, na capital, além de atuar indiretamente no Trem Republicano - a locomotiva utilizada na rota é fruto de parceria da Serra Verde com a associação de preservação.

Com informações da FolhaPress




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