Caetano Veloso completa 80 anos com show em família e transmissão ao vivo

Caetano Veloso completa 80 anos neste domingo (7). A festa será um show em família com transmissão ao vivo. Outro presente para o público é uma entrevista exclusiva que você vê neste link.

O especial 'Caetano Veloso 80 anos' acontece no Rio. Será transmitido ao vivo, a partir das 20h25, simultaneamente pelo Globoplay e pelo Multishow, e uma parte no Fantástico. A festa dos 80 anos vai contar com a presença dos filhos Moreno, Zeca e Tom e a irmã, Maria Bethânia.

Reprodução Twitter Caetano Veloso

Os cabelos já foram encaracolados, longos, curtos, pretos, rebeldes. O jovem senhor Caetano Emanuel Viana Teles Veloso chega aos 80 grisalho e, quase uma unanimidade, mais charmoso.

"Eu não concordo. Vejo minhas fotografias jovem me acho muito mais bonito. Mas se as pessoas acham mais bonito, fico contente", diz Caetano.

O tempo que muda a moldura é o mesmo que segue trazendo calma a cabeça do pensador inquieto.

"Eu me sinto, internamente, muito coerente. E, no entanto, eu já disse coisas que entram em conflito com outras que eu já tinha dito antes. Mas, é porque a vida é difícil, e a realidade é um negócio complexo", afirma o cantor.

O Caetano do mundo partiu de Santo Amaro da Purificação. A cidade nem imaginava que o filho de Dona Canô e do seu José chegaria tão longe.

"Quando eu tinha, sei lá, 9 ou 10 anos, não sei, uma prima minha me levou a uma senhora em Santo Amaro, que era muito famosa por prever o futuro. E essa senhora, dona Dazu, ela disse que eu viveria até os 65 anos. E eu fiquei feliz, porque era uma coisa tão longe", diz.

Quem entendia de futuro mesmo era dona Canô. A mãe de Caetano tinha um olhar atento para a poesia que habitava nas atitudes do filho.

"Caetano era uma criança, ele tinha uma flor chamada Lágrima de Vênus. Ele sentava junto da planta, eu reclamava: 'meu filho, você não vai para porta com os meninos?'. Ele dizia: 'Não, minha mãe, estou vendo a lágrima cair'", diz dona Canô, em 1992.

O menino de sensibilidade apurada cresceu observando o entorno e se lançou pelo vozeirão da irmã mais nova, Maria Bethânia, no Show Opinião, em 1965.

"Ele ter me ensinado a andar, a dar os primeiros passos, e ter me ensinado a música e a escolha, a possibilidade de escolha. Caetano é um príncipe, assim, um príncipe em todas as circunstâncias e situações, para mim", conta Bethânia.

O amigo e produtor musical Nelson Motta estava lá.

"Eu conheci o Caetano no primeiro show da Maria Bethânia como acompanhante da irmã no Teatro Opinião. Ali que fui apresentado a ele, mas, sobretudo, fui apresentado a música dele. O teatro inteiro saiu cantando: 'e foi por ela que o galo cocorocô'. Que lindo, o galo cocorocô. Era diferente da Bossa Nova que se gostava na época, já era outra coisa", diz Nelson Motta.

A Bahia deixou Caetano voar. E ele bateu asas pela vida, fazendo barulho.

Pelo retrovisor do tempo, o tropicalismo. Em décadas de memória, dores nunca esquecidas.

"A prisão, ser preso e ficar preso. Ser preso sem explicação, ser jogado numa solitária e ficar um mês sem que ninguém me dissesse nem por que eu tinha sido preso. Foi o negócio mais desestabilizador. Saí dali para mais 4 meses de confinamento em Salvador e, de lá, para mais dois anos e meio de exílio. Então, eu fiquei diferente, foi difícil", relata Caetano. .

A prisão e o exílio também renderam obras-primas. Na volta ao Brasil, celebração no Teatro Municipal do Rio, ao lado do parceiro da vida, Gilberto Gil.

"Ele tem sido um grande mestre na formação do meu caráter, do meu pensamento, do meu estilo. Compartilhar com ele o tempo-espaço da existência tem sido um privilégio. Meu afeto fortalecido de amigo-irmão é tudo que posso lhe dar de presente no seu aniversário de 80 anos", exalta Gilberto Gil.

O ofício de criar foi deixando a estrada repleta de tesouros, na literatura, no cinema.

A arte de viver do que se gosta. O verbo 'caetanear' foi conjugado em frases lindas, em letras fortes, em refrões atuais e em amores embalados com ternura.

Parece impossível, mas com tantos shows ao redor do planeta, Caetano sabe, exatamente, qual foi o que marcou seu coração.

"Foi um show ao ar livre em Realengo. Eu gostava do show. Nesse dia, ele saiu especialmente lindo e a plateia, vou lhe dizer, foi a mais linda que eu já vi na minha vida", conta.

As conquistas de oito décadas de vida, a maior parte sob os holofotes, vão muito além do que o público e os fãs enxergam. A mais celebrada delas tem nome e sobrenome: Família Veloso. Estar cercado de afeto familiar é o que mantém o coração do nosso aniversariante batendo na frequência do amor e da criatividade.

"O acontecimento mais importante da minha vida adulta foi o nascimento de Moreno. Meu primeiro filho, e fiquei com vontade de ter 10, de tão maravilhoso que isso foi para mim", afirma.

A festa dos 80 anos vai ser com os filhos Moreno, Zeca e Tom e a irmã, Maria Bethânia. Caetano pede um presente especial.

"Eu peço como presente para mim uma contribuição para TV Pelourinho, que é uma organização que há em Salvador de formação de jovens garotos para fazer o que eles estão fazendo aqui, dominar a tecnologia da televisão", explica.

O especial 'Caetano Veloso 80 anos' acontece neste domingo (7), no Rio. Será transmitido ao vivo, simultaneamente pelo Globoplay e pelo Multishow, e uma parte no Fantástico.

"Você vê que é honesto, é simples, é direto, cheio de sucessos, mas, também, essa coisa da família. Então, acho que isso é aquele lugar gostoso de estar, isso que vai ser transmitido para quem estiver assistindo", conta Raoni Carneiro, diretor de gênero de variedades.

O homem que fez a trilha sonora da nossa vida, tem um conselho ao pequeno Caetano, aquele que só queria viver na Bahia.

"Eu acho que encorajaria esse menino: 'pode ficar despreocupado, não se grile demais, porque vai dar para muita coisa mais bonita do que você pensa", completa.

Leia a reportagem completa do G1

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