Artista brasileiro Eduardo Kobra inaugura mural na sede da ONU, em Nova York

Conhecido por gigantescos murais coloridos e pinturas em fachadas de prédio pelo mundo todo, o artista brasileiro Eduardo Kobra inaugurou neste mês de setembro uma obra na sede das Nações Unidas, em Nova York. Com 336 metros quadrados, o painel traz um pai e uma filha segurando o planeta Terra e traz refleexões importantes sobre sustentabilidade e preservação da natureza. É a primeira vez que um artista brasileiro consegue autorização para pintar esta fachada da ONU, um dos lugares mais emblemáticos do mundo quando se trata de paz, natureza e equilíbrio no planeta.

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A inauguração da arte de Kobra acontece justamente na mesma época em que os líderes mundiais desembarcaram para a 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, sendo recebidos por um novo e colorido mural na fachada da organização. “Eu sonhei com isso, mas não imaginei que pudesse, um dia, realmente acontecer”, revelou o artista, de 47 anos, em entrevista à ONU News. 

Depois de acreditar que nunca teria acesso ao mundo “oficial das artes” por suas origens como artista de rua, Kobra agora coloca seu nome ao lado de outros dois brasileiros que marcaram a história artística do prédio: o arquiteto Oscar Niemeyer, que contribuiu com o projeto do edifício; e o pintor Cândido Portinari, cujos painéis “Guerra e Paz” foram o presente do governo brasileiro para a inauguração da sede das Nações Unidas.


Ban Lau/Divulgação

Autodidata, criado em Campo Limpo, na periferia de São Paulo, Kobra cresceu sem acesso ao universo oficial das artes. Foram imagens das ruas desta mesma  Nova Iorque que  levaram o brasileiro a pensar em uma carreira artística.

“Eu comecei a pintar por influência de artistas daqui, da década de 70, 80, do Brooklyn, do Bronks”, relata ao lembrar como os livros da fotógrafa Martha Cooper tornaram-se uma bíblia para ele ainda na  juventude. “Tudo o que eu realizo aqui tem um valor emocional e sentimental muito relevante.”

O caminho de Campo Limpo ao reconhecimento internacional não foi fácil. Vítima de preconceito e discriminação por suas origens como artista de rua, Kobra começou sua jornada colorindo os muros da  própria comunidade. Aos poucos seu talento foi sendo reconhecido e começaram a aparecer convites para que ele criasse murais em outros bairros, cidades, países e continentes. 

“Eu queria pintar e as pessoas achavam que isso era algo relacionado a ser vagabundo, a não querer trabalhar, não querer compromisso ou algo do tipo”, recorda. “Mas sou muito insistente em meus objetivos. O que eu queria era pintar”.

Ideais

A produção artística do paulistano inclui temas que o interessam ou o incomodam: a exaltação de um mundo mais tolerante, a união dos povos, o fim da violência e do racismo, a proteção do meio ambiente e dos povos indígenas.

O  novo mural na sede da ONU, que deve ficar exposto pelo menos até dezembro, é protagonizado por um homem e uma criança, com o planeta terra ao meio. Kobra explica que representa um pai presenteando a filha, com a intenção de trazer a reflexão sobre o legado de cuidado com o meio ambiente que será entregue às gerações futuras.

 “Eu coloquei um brasileiro comum, mostrando que a responsabilidade de cuidar do planeta é de todos nós. E lá no epicentro, na América Latina, representando o cuidado que nós temos com a nossa querida floresta Amazônica”.

Segundo Kobra, o trabalho tem o objetivo de celebrar a sustentabilidade, pauta de extrema relevância para as Nações Unidas e esteve no centro dos debates da semana de alto nível da Assembleia Geral, que começa em 20 de setembro.

“Meu objetivo não é apenas estético ou simplesmente a pintura pela pintura, e sim as mensagens. Isso é o mais importante em meu trabalho e foi isso que abriu as portas do mundo todo.”

Com informações das Nações Unidas


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