Número de crianças e adolescentes resgatados do trabalho infantil cresce 62,8% no RS

Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que, no ano passado, 197 crianças e adolescentes foram resgatados do trabalho infantil no Rio Grande do Sul. O aumento é de 62,8% em relação aos 121 trabalhadores infantis, como são chamados, flagrados em situações de exploração em 2022.

O levantamento coloca o RS na 5ª posição do ranking nacional, atrás apenas de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Ceará (confira abaixo a lista completa).

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Em todo o Brasil, a Auditoria Fiscal do Trabalho afastou 2.564 vítimas do trabalho infantil em 1.518 ações de fiscalização no ano de 2023. Os relatórios destacam o resgate de 1.923 meninos e 641 meninas.

No estado gaúcho, os auditores flagraram situações como trabalho ao ar livre sem proteção do calor, da chuva e do frio; realização de manutenção, limpeza e lavagem de veículos e maquinários; atividades laborais em câmaras frigoríficas; transporte de cargas; venda de bebidas alcoólicas; atuação na agropecuária e exposição a agrotóxicos.

Essas atividades são elencadas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, pois representam graves riscos ocupacionais e repercutem na saúde das crianças e dos adolescentes.‌

De acordo com o MTE, os exploradores são multados e obrigados a pagar os direitos devidos às crianças ou aos adolescentes por causa do trabalho prestado. Já as vítimas, normalmente, são recolhidas pelo Conselho Tutelar e pela assistência social dos municípios para inclusão nas políticas públicas disponíveis.

Uma das alternativas adotadas para adolescentes a partir de 14 anos é o encaminhamento à qualificação profissional, o que alia aprendizagem com possibilidade de renda.

A equipe de reportagem do site GZH entrou em contato com o departamento de comunicação do MTE em busca de mais informações, como o número de ações realizadas no Rio Grande do Sul, a relação completa de cidades gaúchas onde foram registrados os flagrantes e o montante de multas aplicadas tanto no estado quanto no Brasil. No entanto, ainda não recebeu um retorno.

O que é considerado trabalho infantil

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nem todo trabalho realizado por crianças e adolescentes é considerado trabalho infantil, que deve ser eliminado em todas as suas formas até o ano de 2025, segundo meta prevista pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A legislação brasileira proíbe qualquer forma de trabalho até os 13 anos de idade. Nas faixas etárias mais avançadas, há regras sobre existência de vínculo empregatício formal, limite de jornada semanal e obrigatoriedade de frequência escolar, por exemplo. De 14 a 15 anos, o trabalho é permitido na forma de aprendiz. De 16 a 17 anos, há restrições ao trabalho noturno, insalubre e perigoso.

Um levantamento realizado pelo IBGE indica que as irregularidades vão muito além dos flagrantes durante as ações de fiscalização. Em 2022, o país registrou 1,8 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil.

Ranking de resgates de exploração do trabalho infantil (2023)*

  1. Mato Grosso do Sul: 372 resgates
  2. Minas Gerais: 326 resgates
  3. São Paulo: 203 resgates
  4. Ceará: 201 resgates
  5. Rio Grande do Sul: 197 resgates
  6. Espírito Santo: 196 resgates
  7. Pernambuco: 139 resgates
  8. Maranhão: 136 resgates
  9. Bahia: 105 resgates
  10. Roraima: 101 resgates
  11. Rio de Janeiro: 70 resgates
  12. Rio Grande do Norte: 49 resgates
  13. Rondônia: 48 resgates
  14. Paraná: 46 resgates
  15. Mato Grosso: 43 resgates
  16. Pará: 43 resgates
  17. Santa Catarina: 43 resgates
  18. Sergipe: 43 resgates
  19. Alagoas: 33 resgates
  20. Goiás: 31 resgates
  21. Amazonas: 29 resgates
  22. Piauí: 23 resgates
  23. Distrito Federal: 16 resgates
  24. Amapá: 13 resgates
  25. Tocantins: 11 resgates
  26. Acre: 8 resgates
  27. Paraíba: 6 resgates

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