ARTIGO: Educação para autistas: se não agora, quando?, por FLÁVIA MARÇAL e LUCERMO LACERDA

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo se comemora na próxima terça, dois de abril. a data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007, com o objetivo de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo é um tema desafiador ainda mais quando se fala em educação e salas de aula. Por isso, abrimos espaço para esse tema de inclusão aqui na nossa nova série de artigos na Rede #AtitudePositiva, dentro da segunda fase do projeto CONEXÃO EDUCAÇÃO, nosso maior projeto de conteúdo realizado em nossa plataforma de boas notícias. 

Junte-se a nós nesta emocionante iniciativa para moldar um futuro brilhante para a educação. Boa leitura!

Flávia Marçal e Lucermo Lacerda - Divulgação


Educação para autistas: se não agora, quando?

Nos últimos 10 anos muitas foram as conquistas alcançadas pelas pessoas com autismo, fruto de suas lutas e de suas famílias. De forma significativa, a aprovação das Leis 12.764/2012 acrescido da Lei 13.146/2015 modificaram um cenário de inclusão no país ao reafirmarem o compromisso do estado brasileiro com diretrizes da Convenção de Direitos da Pessoa com Deficiência, inclusive instrumentalizando muitos desses direitos. 

Entretanto, ainda é preciso avançar. Implementação de programas de identificação e intervenção precoce dessa condição, acrescida da ampliação do acesso, permanência, participação e aprendizagem nos espaços escolares são um fator essencial e para isso se faz fundamental a análise continuada das políticas públicas voltadas ao tema para fins de estabelecimento de séries históricas que possibilitem a medição dos impactos da educação inclusiva e das metodologias de ensino e aprendizagem.


É na escola que o estudante com Autismo passará uma parte significativa de suas horas. Tornar esse espaço promotor de autonomia e desenvolvimento transforma vidas tanto para aqueles que promovem esse processo quanto para aqueles que o recebem.

Assim, estudantes neurotípicos que tem a oportunidade de conviver desde cedo com a diferença terão mais chances de serem adultos preparados para promover a diversidade, em especial porque terão adquirido habilidades de enxergar potenciais e necessidades de forma natural pelo convívio e laços formados.  

Apostar no planejamento continuado e participativo é força motriz de mudança de realidades. Temos inúmero exemplos de projetos desenvolvimentistas que foram concebidos e executados ignorando as peculiaridades e diferenças, como se o país fosse um todo idêntico e não um mosaico das enormes diferenças sociais, econômicas e geográficas em que ele, de fato, se constitui.

Se considerarmos que é na diferença que podemos ver potencialidades e diversidade encontramos novas formas de ver o mundo, é essencial que esta multiplicidade também se apresente nas práticas pedagógicas. 

Por isso o documento intitulado "Orientações para o Atendimento do Estudante com Transtorno do Espectro Autista" do Conselho Nacional de Educação tem sido um norte ao discorrer sobre os pontos elencados acima e reconhecer que será na discussão e utilização dessas propostas, sua reconstrução, avaliação e medição de impactos, que poderemos implementar novas formas de edificar uma escola que efetive direitos.

Resolver essas questões, muitas vezes imbricadas entre si, exige do Estado e da sociedade um empenho persistente e incansável na execução de programas e ações diferenciadas. Sob este aspecto, a educação se apresenta como empreendimento de política social e interesse público que é coletivo e indispensável, se quisermos, de fato, eliminar ou, pelo menos, reduzir consideravelmente as desigualdades que desfavorecem o nosso país no campo da educação e proporcionar aos seus cidadãos o usufruto de uma vida melhor e mais digna para todos. Afinal, se não for agora, então quando?

Flávia Marçal é advogada, professora da UFRa, Doutora em Ciências Sociais e gestora do Grupo Mundo Azul.

Lucelmo Lacerda é Doutor em Educação, pesquisador de educação inclusiva e autor do livro “Transtorno do Espectro do Autismo: uma brevíssima introdução.”

Observação: as opiniões emitidas nos artigos publicados aqui não refletem necessariamente o pensamento editorial da Rede #AtitudePositiva.




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