Teste da semana de QUATRO dias no Brasil revela que maioria sente mais energia para realizar trabalho

O resultado parcial do teste semanal de quatro dias no Brasil revela que 8 em cada 10 participantes sentiram mais energia para a realização de tarefas. Ainda segundo o relatório, pouco mais de 1/4 das organizações levaram algum tempo para conseguir reduzir o tempo de trabalho. Ao todo, 21 empresas de vários setores no Brasil estão envolvidas no projeto-piloto para testar a viabilidade do modelo 100-80-100 (manter 100% do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% do nível de produtividade). O documento foi divulgado nesta semana.

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No País, o experimento é conduzido pela 4 Day Week Global, uma comunidade sem fins lucrativos que realiza projetos-piloto como esse em todo o mundo, e pela brasileira Reconnect Happiness at Work em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Boston College.

A iniciativa, inédita no Brasil, já foi testada e concluída em países como África do Sul, Nova Zelândia, Portugal e Reino Unido.

Com duração de seis meses, o experimento teve início em janeiro deste ano - com 22 empresas, mas uma desistiu após um mês - e deve ser finalizado em junho. Dos 280 funcionários ativos no programa, a composição é a seguinte:

  • Mulheres - 59,3%
  • Pessoas brancas - 72,2%
  • Pessoas pretas - 5,7%
  • Pessoas amarelas - 2,3%

O modelo presencial é o predominante entre as empresas participantes (40,2%).

Sobre o dia de folga, mais da metade decidiu tirar às sextas-feiras (60,2%), seguido pelas segundas (22,1%). Outros optaram por eliminar a quarta-feira ou estabelecer acordos que permitem que o colaborador escolha o dia de descanso.

Impacto no trabalho e no bem-estar

O movimento da semana de 4 dias defende que o regime de trabalho mais flexível pode proporcionar um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional sem prejudicar a produtividade. No Brasil, o resultado parcial do experimento concluiu um aumento de (78,1%) de energia para amigos e família. Além disso, mais da metade percebeu uma melhoria para conciliar vida pessoal e profissional (57,9%).

No ambiente de trabalho, cerca de (82,4%) dos participantes sentiram mais energia para realizar tarefas. Em relação ao nível de estresse no trabalho, 62,7% notaram uma redução nos sinais de exaustão.

Questionados sobre reagiriam a uma proposta de emprego em outro lugar, 28,6% disseram que não mudariam de empresa para atuar cinco dias por semana por salário nenhum.

No que diz respeito ao convívio com o líder ou gestor direto, menos da metade apontou uma melhoria na relação (44%). Conforme o balanço, os participantes sentiram-se “mais dispostos, felizes e criativos no ambiente de trabalho.”

Dificuldades para adaptação e gestão de prazo

Embora os níveis de bem-estar sejam promissores, alguns dados do relatório parcial indicam que as organizações enfrentaram algum grau de dificuldade para se adaptar ao novo modelo de trabalho.

Nem todos conseguiram reduzir o tempo de trabalho de forma imediata. No começo do teste, 15,7% levaram quatro semanas para se adequar, quase metade (41,2%) demorou três semanas para a adaptação da jornada reduzida. Outros 27,5% gastaram duas semanas.

Ao longo dos três meses iniciais de teste, os trabalhadores demonstraram desafios em “relação à gestão de prazos e ao equilíbrio entre demandas internas e externas”, sugere o documento parcial.

Outros resultados
  • Melhoria na execução de projetos (61,5%)
  • Capacidade de cumprir prazos (44,4%)
  • Maior colaboração no trabalho (85,4%)
  • Iria para um emprego com semana de 5 dias com aumento acima de 50% da remuneração atual (36,8%)
  • Não mudaria de emprego para trabalhar 5 dias por qualquer valor (28,6%)
Empresas participantes do projeto-piloto

Das 21 organizações ativas no experimento, apenas uma não autorizou divulgar o nome. As companhias atuam nos seguintes segmentos: saúde, jurídico, arquitetura, manufatura, hotelaria, consultoria de recrutamento, alimentação, varejo, entretenimento e plataformas de tecnologia e inovação.
Conforme mostrou o Estadão, a maioria das empresas é da região Sudeste, com exceção de duas organizações do Sul. Confira a lista:

  • Ab Aeterno (Estúdio de produção editorial)
  • Brasil dos Parafusos (Atacado de materiais de construção)
  • Clara Associados (Contabilidade)
  • Clementino & Teixeira Advocacia (Serviços jurídicos na área trabalhista)
  • GR Assessoria Contábil
  • Greco Design (Empresa de Design)
  • Haze Shift (Setor de Inovação e Transformação Digital)
  • Hospital Indianópolis (Saúde)
  • Innuvem (Área de Tecnologia da Informação)
  • Inspira (Tech)
  • Maker Brands (Consultoria de inovação)
  • Mol Impacto (Editoria de livros)
  • Noono (Empresa de Design)
  • Oxygen Hub (Hub de conteúdos em Inovação)
  • PiU Comunica (Agência de comunicação)
  • Plongê (Recursos Humanos)
  • Rede Alimentare (Empresa do ramo alimentício)
  • Smart Duo (Escritório de arquitetura)
  • Soma CSC (Entretenimento)
  • Thanks for Sharing (Designer)
O resultado final deve ser divulgado após o término do experimento, em junho. Os dados deste relatório serão considerados como os oficiais da semana de 4 dias no Brasil, segundo comunicado da organização responsável pelo teste no País.


Fonte: Estadão



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