Entre o final de abril e o início de maio, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores crises climáticas de sua história recente, com enchentes devastadoras que impactaram milhares de famílias. As intensas chuvas causaram o transbordamento de rios, alagando vastas áreas e deixando um rastro de destruição por onde passaram.
Muitos moradores perderam suas casas ou foram forçados a abandoná-las, enfrentando a difícil realidade de encontrar abrigos temporários e reconstruir suas vidas a partir do zero. No pico da crise, mais de 570.000 pessoas ficaram fora de casa.
A devastação, porém, também evidenciou a força da solidariedade.
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Um desses exemplos vem do Sinduscon, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul. Mobilizando construtoras da região, entre elas a Melnick, uma das mais fortes incorporadoras do Estado, a entidade está lançando um novo projeto para construção de casas modulares para doações.
São casas pré-fabricadas em indústrias, em estruturas de aço, que já chegam no lugar de construção prontas para serem encaixadas. Assim, a moradia consegue ficar pronta em poucos dias. Para ser mais específico, em dois.
“Fizemos um protótipo num terreno da Melnick, que também bancou parte da construção desse modelo”, afirma Marcelo Guedes, vice-presidente de Operações da Melnick e vice-presidente do Sinduscon-RS. “A ideia de fazer um modelo foi garantir que, quando o projeto fosse replicado, nada estivesse errado. Conseguimos comprovar a eficiência do projeto e levamos dois dias para construir a casa. A ideia é replicar isso agora. A cada dois dias, ter uma casa pronta”.
A ideia, neste primeiro momento, é levantar recursos para construção de 50 casas. O valor pode ser maior, conforme a entrada de dinheiro, claro. Dessas, 25 já estão garantidas e com recursos, aguardando apenas a liberação do terreno pela prefeitura.
Como serão as casas construídas para doação
As casas do projeto do Sinduscon terão 44 metros quadrados, dois dormitórios, banheiro e cozinha. Direto da fábrica já vem também a parte elétrica, hidráulica, as placas de revestimento interno e externo e o forro do telhado. Depois, precisa ser instalado o piso e a cerâmica.
“Queremos construir 50 casas em 100 dias. Essa é a nossa meta”, fala Guedes. “Isso requer um investimento na casa de 7 milhões de reais”.
A construção das casas é realizada em três etapas:
Enquanto a casa é fabricada na indústria, o terreno é preparado e as fundações para o recebimento dos painéis são executadas no local de sua implantação.
Após a fundação, o banheiro modular, que chega ao local finalizado com revestimentos, louças e metais, é instalado. Os painéis de paredes e forros são conectados à estrutura de concreto do banheiro na sequência. Esses painéis chegam igualmente finalizados, com todas as instalações, caracterizando o conceito de industrialização, com rapidez, eficiência e zero resíduos no canteiro.
A última etapa é de colocação de cerâmicas nos pisos e pinturas interna e externa.
Interessados que quiserem ajudar podem fazê-lo doando para o Sinduscon-RS. Construtoras de todo o Estado também podem solicitar o projeto gratuitamente para replicá-los em suas cidades. Fornecedoras que quiserem doar para a construção também podem, o que reduzirá o custo de cada casa.
“A intenção é disponibilizar todo material e análise que fizemos para que outras entidades que queiram usar assim o façam”, diz. “Falamos de dezenas de milhares de moradia”.
Fonte: Exame
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