CIÊNCIA: Estudo descobre como o sono higieniza o cérebro e afasta o Alzheimer

A ciência já imaginava que o cérebro faz uma higiene enquanto dormimos. Essa, inclusive, é uma das hipóteses para os sonhos e pesadelos que temos durante a noite. Entretanto, ainda era desconhecido dos neurologistas como essa intensa atividade de limpeza do cérebro ocorre durante o sono.

CEA/Reprodução

Dois trabalhos foram publicados na revista Nature em fevereiro sobre o tema. No primeiro deles, os médicos da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriram que ondas cerebrais lentas criadas por impulsos dos neurônios ajudam a eliminar os resíduos do cérebro durante o sono — seria como uma “ola” de estádio que carrega as toxinas.

A máquina de lavar do cérebro

A pesquisa descobriu que as células nervosas individuais se coordenam durante o sono para produzir ondas rítmicas que impulsionam fluidos de liquor através do tecido cerebral, lavando o tecido no processo. É como uma versão bem lenta do movimento de uma máquina de lavar.

Uma veia que passa pelo cérebro atua como uma calha, onde são depositados os resíduos para transportá-los através da barreira que separa o cérebro do resto do corpo (a meninge). O processo leva o lixo cerebral para a corrente sanguínea, onde é tratado pelos rins.

O estudo foi feito com o monitoramento do sono de ratos. Com as descobertas, os cientistas passaram a observar como o sistema funcionava em animais com Alzheimer para entender se eram problemas na “máquina de lavar” do cérebro que levavam aos acúmulos de proteínas tóxicas no órgão que causam o declínio cognitivo.

Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista  

Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce

Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano

Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença

Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns

Por que o cérebro com Alzheimer não consegue se limpar?

Com as descobertas, os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em outro estudo publicado na mesma revista em fevereiro, fizeram testes com os animais doentes usando ondas sonoras que simulavam o mesmo ritmo dos impulsos dos neurônios. Eles conseguiram reativar os mecanismos de limpeza que levaram as proteínas amilóides para fora do cérebro.

Uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores é que, conforme envelhecemos, os neurônios perdem o ritmo adequado de limpeza do cérebro, o que pode facilitar o acúmulo de toxinas nos tecidos. Mudanças nos padrões de sono e na qualidade do descanso noturno também podem afetar o sistema.

A descoberta da frequência certa de limpeza cerebral foi apontada pelos pesquisadores como um grande horizonte para a pesquisa de novos tratamentos para doenças neurodegenerativas.

Fonte: Metrópoles


Comentários