#RetomaRS: MARGS recomeçou a programação que celebra os 70 anos do museu

Neste fim de semana, quando completa 70 anos de história, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição da Secretaria da Cultura (Sedac), retoma a programação comemorativa relacionada ao aniversário. O retorno foi com a abertura da exposição “Iberê e o Margs: trajetórias e encontros”, na Fundação Iberê Camargo.

Reprodução Fundação Iberê

As atividades que celebram as sete décadas do Museu foram iniciadas com um ano de antecedência e tiveram de ser interrompidas em maio, quando a exposição “Margs 70 – Percursos de um acervo” foi suspensa em razão da crise meteorológica. A mostra havia sido inaugurada em março e estava originalmente programada para estar em exibição durante o aniversário do Museu, ocupando todos os espaços expositivos do prédio – que está passando por trabalhos internos para o restabelecimento de sua estrutura operacional e segue sem previsão de reabertura ao público.

Aniversário e exposição fora de casa

A exposição “Iberê e o Margs: trajetórias e encontros” aborda a longeva relação entre o artista Iberê Camargo (1914-1994) e o Museu, assinalando também a parceria entre ambas as instituições museológicas. Reunindo mais de 80 obras e documentos pertencentes às duas entidades, a mostra revisita exposições, publicações, eventos e ações que o Margs realizou com e sobre Iberê.

Com curadoria do diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, e do responsável pelo acervo da Fundação Iberê, Gustavo Possamai, e resultando de uma pesquisa inédita e conjunta entre as instituições, o projeto estava em preparação há mais de um ano, como parte da programação comemorativa dos 70 anos do Museu.

"Paisagem" (óleo sobre tela), de Iberê Camargo - Foto: Fábio Del Re e Carlos Stein

Iberê é o artista que mais expôs no Margs, com sete exposições individuais e mais de cem coletivas. Ao apresentar a extensa presença do artista nos acervos artísticos e documentais da instituição, o projeto também assinala a riqueza e a profundidade de sua história com o Museu. Trata-se de uma trajetória que ainda não havia sido devidamente contada, como demonstra a ampla cronologia desenvolvida de forma colaborativa para a exposição e para o seu catálogo. 

O artista participou já da mostra de estreia do Museu, em 1955, tendo obras suas adquiridas para o acervo na ocasião. Nas décadas seguintes, também ganhou livro monográfico, ministrou cursos, participou de ações e iniciativas do Museu e protagonizou debates públicos. Teve ainda o ingresso de outras obras suas no acervo (por meio de compra, transferência e doação), além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no Margs que ocorreu a sua despedida, com velório público que ocorreu nas Pinacotecas, o mais nobre e solene espaço do Museu.

Em 2004, parte da documentação doada por ele foi transferida para a Fundação Iberê Camargo, em um contexto já de colaboração institucional, celebrada à época com a exposição “Iberê Camargo – Uma perspectiva documental”, no Margs. Ainda assim, o Acervo Documental do Museu possui hoje mais de 10 mil páginas relacionadas a Iberê, incluindo o mais expressivo e volumoso conjunto da coleção denominada "Dossiês de Artistas". Recentemente, foi concluído o extenso processo de digitalização que contemplou esse amplo conjunto documental sobre o artista, disponibilizando-o publicamente e em meio on-line no repositório Tainacan do Margs.

Dessa relação longeva e profunda vem o título da exposição, inspirado em um dos mais importantes acontecimentos do Margs relacionados ao artista: a mostra “Iberê Camargo: trajetória e encontros”, de 1985. Realizada em cooperação com a Funarte, percorreu o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e a Galeria do Teatro Nacional de Brasília, celebrando Iberê como o maior pintor vivo do Brasil.

A nova exposição, em processo de preparação há mais de um ano como parte da programação dos 70 anos realizada por outras instituições fora do Museu, se dá em sequência à parceria com a Fundação Iberê, que havia trazido a Porto Alegre a exposição “Carlos Vergara – Poética da exuberância”, apresentada simultaneamente nas duas instituições, tendo sido interrompida também em maio.

Comemorações antecipadas

Envolvendo uma extensa programação, as atividades comemorativas dos 70 anos do Margs iniciaram em junho de 2023. Na ocasião, foram inauguradas duas mostras sobre a obra do fotógrafo Pierre Fatumbi Verger, trazidas a Porto Alegre em parceria com a Fundação Pierre Verger: as exposições “Todos iguais, todos diferentes?” e “Orixás”.

"Paisagem 3" (água-tinta, 1956), de Iberê Camargo - Foto: Mathias Cramer


Na sequência, foram apresentadas as exposições individuais “Camila Proto – Terralíngua”, “Hélio Fervenza – Conjunto vazio”, “Christina Balbão – Além do silêncio”, “Wilson Cavalcanti – Os jardins que me habitam” e “Carlos Vergara – Poética da exuberância”, além da coletiva “Trindade do tempo – ou, um Torus”.

Paralelamente, o programa “Acervo em movimento” – exposição coletiva de longa duração dedicada à exibição pública do acervo do Margs – passou por três alterações, por meio da substituição de obras, cada qual apresentando uma seleção inédita.

Nesse período, também foram realizadas diversas ações educativas e artísticas pela programação das exposições em exibição, além de edições dos programas públicos de longa duração “Mediação crítica”, “Conversas com artistas”, “Oficinas de criação”, “Crianças no Margs” e “Mediação em Libras”.

Todas essas atividades foram pensadas para oferecer uma programação celebratória estendida no tempo e como ambiente preparatório para o ponto de culminância da exposição comemorativa “Margs 70 – Percursos de um acervo”, que teve a sua primeira parte inaugurada em março de 2024 e cuja segunda parte estrearia em maio, para o aniversário dos 70 anos. A exposição foi interrompida em 2 de maio, com o fechamento temporário do Museu.

Ações de restabelecimento do prédio

No contexto que sucede as enchentes no Rio Grande do Sul, o Margs segue sem poder reabrir suas portas, por conta dos trabalhos internos de recuperação dos danos causados pela inundação do andar térreo do prédio. A inundação afetou a operação do prédio, rede elétrica, sistema de climatização, elevador, computadores, equipamentos, mobiliários e documentação administrativa, além de obras de parte do acervo comprometidas pela água ou umidade.

Neste momento, o Museu está passando por trabalhos que envolvem reforma predial, recuperação operacional do prédio, restauração de obras e criação de uma nova reserva técnica, com patrocínio de R$ 5,6 milhões do Banrisul, além de recursos da Sedac, iniciativas da Associação de Amigos (Aamargs) e doações recebidas pelo Museu.

As ações envolvem diversas equipes e voluntários, assim como parceiros e doadores. O Margs ainda tem um longo trabalho pela frente; por isso, também busca patrocinadores pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).

Quem quiser ajudar na recuperação do Margs pode entrar em contato pelo e-mail aamargs@margs.rs.gov.br. Mais informações sobre a história e os acervos do Museu estão disponíveis no site da instituição.

Serviço

  •     O quê: exposição “Iberê e o Margs – Trajetórias e encontros”
  •     Onde: Fundação Iberê Camargo (av. Padre Cacique, 2000, bairro Cristal, Porto Alegre)
  •     A visitação segue até 24 de novembro, de quarta-feira a domingo, das 14h às 18h30. Nas quintas-feiras, a entrada é gratuita e, de sexta-feira a domingo, os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 30.
  •     Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail agendamento@iberecamargo.org.br ou pelo telefone (51) 3247-8013.
Fonte: Governo RS


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