Alcançar a simetria entre o que escreveu e aquilo que o levou a escrever é um dos aspectos que diferencia o trabalho do escritor Sérgio Faraco, escolhido como patrono da 70ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre. "Tenho um impulso, pode ser uma ideia, uma circunstância, uma emoção, uma frase, uma música, algo que vejo ou alguém comenta, e então começo a escrever e a reescrever para descobrir a história que está por trás do impulso. O resultado é sempre um conto", destaca Faraco. A Feira do Livro deste ano também marca a retomada de um setor livreiro que foi fortemente impactado pela enchente que atingiu o estado em maio deste ano. O evento literário ocorre de 1º a 20 de novembro, na Praça da Alfândega.
Aos 84 anos de idade, hoje residindo na capital gaúcha, o escritor foi anunciado nesta quinta-feira (15), durante coletiva de imprensa da Câmara Rio-Grandense do Livro, como o patrono que representará a edição que marca os 70 anos ininterruptos de Feira do Livro de Porto Alegre. Vencedor do prêmio de ficção da Academia Brasileira de Letras, em 1999, pela obra Dançar tango em Porto Alegre, Sérgio diz que o reconhecimento é também em nome de todos os escritores que representa.
“É uma homenagem importante que recebo da Câmara Rio-Grandense do Livro e sempre vou lembrar. Não a recebo por mim, que pouco mereço, mas em nome daqueles que sinto representar nessas duas semanas, os escritores desta cidade e deste estado. A distinção é deles”, ressalta o patrono.
Três vezes agraciado com o Prêmio Açorianos de Literatura, o escritor já teve contos publicados em mais de dez países, como Alemanha, Argentina, Bulgária e Chile. Em seu trabalho mais recente, Faraco escreveu uma memória que, segundo ele, o leitor poderá considerar uma continuação de Lágrimas na chuva. “Reproduz as dificuldades que tive em 1965, após ter voltado da Rússia. O livro se chama Digno é o cordeiro e será publicado um pouco antes na Feira do Livro pela L&PM, a casa que edita meus livros há quase 40 anos”, conta o escritor.
Para o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Maximiliano Ledur, a escolha de Faraco é uma forma de homenagear sua contribuição à literatura regional. “Sérgio Faraco representa o nosso compromisso com a promoção da literatura que certamente inspira e enriquece novos leitores”, destaca.
Quem é Sérgio Faraco
Nascido em Alegrete, em 1940, viveu por dois anos na União Soviética entre 1963 e 1965, quando cursou o Instituto Internacional de Ciências Sociais, em Moscou. O escritor também é formado em Direito. Ao longo da sua trajetória literária, Faraco acumula prêmios e reconhecimentos pelos seus contos, memórias, crônicas e obras de ficção. Em 1988, com a obra A dama do Bar Nevada, conquistou o Prêmio Galeão Coutinho, reconhecido pela União Brasileira de Escritores como o melhor volume de contos lançado no Brasil no ano anterior. Alguns anos depois, em 1994, com A lua com sede, recebeu o Prêmio Henrique Bertaso de melhor livro de crônicas. Nos anos de 1995, 1996 e 2001, foi agraciado com o Prêmio Açorianos de Literatura, principal premiação cultura da capital gaúcha. Em 2008 recebeu a Medalha Cidade de Porto Alegre, como homenagem da prefeitura da capital.
Fonte: Publishnews
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